Tuesday, 15 September 2015

O sol na eira e a chuva no nabal

Eu realmente não quero saber se esta gente ao vir para a Europa terá que receber apoios dos Estados para sobreviver. Por cá no velho continente o estatuto de refugiado implica apoios até 10 anos, mas isso é insignificante se falarmos de famílias que procuram salvar-se da guerra.O que eu procuro chamar a atenção das pessoas é para o facto de que uma enormíssima fatia desta massa humana, não está de facto a fugir da guerra, mas sim de condições de vida precárias. Coisa que pelo menos, os que vierem para Portugal continuarão a ter. Veja-se o que já está a acontecer com os refugiados que já cá temos. Com TODA a legitimidade eles já perguntam porque não lhes foi oferecida a ajuda que pretendemos dar agora aos sírios, e começam a reivindicá-la. Eu sou humana também. Custa-me horrores ver as imagens de desespero que aparecem em todo o lado mostrando tanta gente que procura um futuro melhor. Mas para além de um coração eu tenho um cérebro.
Existem imensas coisas a equacionar aqui. Já falei delas. Sinto-me a pregar aos peixes. Literalmente. Ninguém quer saber. Os que estão a favor, argumentam com as emoções à flor da pele, escrevem poemas, textos que exultam o amor ao próximo. Não me venham com o argumento de que eles não são todos iguais.É ÓBVIO que NÃO SÃO! Há no meio daquela gente toda muita gente boa! Muita gente óptima! Mas também já mostrei porque é que isso não é relevante.
Os que são contra, mostram apenas ódio e indignação, rosnam como um cão que tem muito medo que lhe roubem o osso. Poucos estão efectivamente a usar os neurónios, quanto a esta questão. Relativamente aos muitos milhares em debandada por esse Mediterrâneo afora, pergunto-me como é possível que famílias que vêm de campos de refugiados, onde não têm condições, nem trabalho, conseguiram amealhar entre 5 a 13 mil euros (por cabeça) , para pagar as viagens em botes sobrelotados. Quem lhes deu o dinheiro, isso não vos faz confusão? Se hoje uma guerra nos obrigasse a pedir exílio noutro país, quantos de nós teríamos esse valor para pagar por cada membro da nossa família?
Entram muitas mulheres e crianças, mas poucos, face ao número de homens. Isso não vos faz confusão? Começam a surgir noticias como a que se vê em baixo, de refugiados que já estão incluídos em programas de acolhimento e querem debandar para a Europa. Isso não vos faz confusão?
Quando leio comentários de quem está contra a vinda dos refugiados, leio sempre a mesma coisa: "vêm para cá usufruir de mais regalias que nós (nativos) temos. Vêm à caça dos subsídios.", Sim, isso não deixa de ser uma verdade, mas também me faz muita confusão que seja só isso que preocupe os "anti-refugiados". Porque não mostram argumentos sérios e convincentes aos que defendem a sua vinda?
Quando falamos de vidas humanas, não podemos colocar as migalhas das nossas regalias (ou as deles), no outro prato da balança. Isso é tão pequenino, tão básico, tão rasteiro! O único argumento aqui é contrapor vida com vida. A deles e a nossa. A dos filhos deles e a dos nossos filhos. E perceber se vale a pena arriscar aquilo que de um lado e de outro vale mais. Em pragmatismo, a equação seria simples. Aceitá-los significa que todos perdemos (nós e eles). Recusa-los significa que só eles perdem. Mas como nós não somos muçulmanos e gostamos de nos considerar um bocadinho mais evoluídos, porque não se pensa numa solução em que todos ganhemos? Não é uma solução imediata, mas o que vou sugerir será talvez a única solução:
Os americanos, os Aliados, (Portugal incluído) que limpem a confusão que fizeram nos países árabes. E deixemos de ser gananciosos. Deixemos lá o petróleo deles, o gás deles, os territórios deles. Nós temos tecnologia que nos permita dispensar tudo isso? Temos. Não convém aos grandes grupos económicos? Sabemos. Mude-se o que convém. Deixemo-los lá com as ditaduras deles, com as regras deles, a cultura deles, o Islão deles. Que necessidade temos nós de lá meter o bedelho? Não somos nós que lá estamos. São eles! Cuidemos da nossa vida! Por não o termos feito, olhem o que está a acontecer! Levamos confusão a todo o lado. Deixamos o caos em todo o lado. Que direito temos nós de desarrumar a casa dos outros? Nem a nossa sabemos arrumar! Alguém tem duvidas de que a crise nos países árabes foi provocada pelo Ocidente? Eis as consequências! Se queremos mexer com as vespas, depois há que lhes suportar as picadas. Não podemos é querer o sol na eira e a chuva no nabal.