Tuesday, 11 August 2009
Socorro ! Estou a ser pressionado!
Não sou propriamente uma daquelas mulheres com gato para quem há palavras proibidas. Mas confesso que existe uma que varri do meu vocabulário, não gosto dela, causa-me urticária. Pena. Ora , ao que sei, penas têm as galinhas e galinhas tem o Tony Carreira e como eu não gosto do Tony Carreira e acho as galinhas animais especialmente estúpidos também não gosto de penas. Muito menos da palavra no singular. Tudo isto para dizer que se há coisa que me afasta exponencialmente de qualquer hipótese de manter e/ou alimentar seja que tipo de sentimento for em relação a alguém é descobrir que essa pessoa sente pena do que eu sinto, ou de como me sinto. Pena não, Obrigada! Se calhar escrever sobre o amor é piroso, está tão fora de moda como as músicas do Marco Paulo e faz com que algumas pessoas pensem que quem escreve o amor é coitadinha(o), incompreendida(a), mal amada(o) enfim…dá pena! Pois não tem que dar! Não tem! O amor acontece, vive-se e pode não ser correspondido, pois pode, que se lixe! Faz parte. Não é o fim do mundo, não é propriamente um drama embora cause alguma dor, mas ninguém morre de amor. Morre-se de fome, morre-se por doença, por acidente, NÂO SE MORRE DE AMOR! O amor sim, acaba por morrer não havendo a troca dessa energia. E depois tudo volta ao mesmo. O ciclo repete-se (ou não, dependendo da “sorte” que se tem da próxima vez). A seguir a uma “desilusão” vem outra “ilusão”, a começar com os habituais jogos de sedução, a chamada fase da conquista, a arte de cortejar, que embora o dicionário não defina, é assim qualquer coisa como “ esperarmos feitas parvas” que alguém repare em nós e o demonstre.
A verdade é que nisto do amor, a vida das mulheres com gato é um verdadeiro nó cego e temos mesmo que esperar que nos apareça algum homem com cão disposto a desatá-lo. (espero bem que um homem com cão o consiga, porque já experimentei com um homem com gato e não deu! Bem…não era bem um homem com gato, era mais um homem que a ter um animal teria um gato e não um cão). Adiante… Como eu dizia, parece que é a eles que cabe a tão difícil tarefa de tomar todas as decisões e nós apenas podemos acatar as ordens ou os sinais que nos forem enviados.
Não concordam? Então pensem bem nisto: Eles podem mostrar interesse sem que corram o risco de os acharmos fáceis, podem ligar as vezes que quiserem, podem entupir o nosso telemóvel com sms, podem revelar o que sentem sem o receio que nós pensemos que os temos na mão. Nós não podemos dar-nos a nenhum desses luxos, porque toda e qualquer coisa que façamos se converte em pressão e à mínima coisa espantamos o homem para um lado e o cão para o outro, ambos em puro pânico : “Socorro, estamos a ser pressionados!”
E aí é que está o “busílis” da questão, porque para qualquer mulher apaixonada é uma verdadeira tragédia “espantar” o seu “ mais-que –tudo” e então fazemos o impossível, para os tratarmos com “luvas de pelica”,andamos em seu redor com pezinhos de lã, fazemos contorcionismo, se preciso for, para não lhes tocarmos em nenhum ponto fraco, medimos as palavras, pesamos as manifestações de carinho. Tudo isto porque desde sempre nos ensinaram que eles perdem o interesse com muita facilidade, que não podemos dar tudo, que não devemos confessar tudo, que eles precisam do seu espaço caso contrário fartam-se, aborrecem-se. Ao mínimo descuido a ameaça de que podem procurar outra, começa a pairar sobre as nossas cabeças e por tudo e por nada somos levadas a pensar que deixámos de ser mulheres para nos transformarmos em pastilha elástica que grudou e de quem eles sentem a necessidade imperiosa de se soltar. Talvez ao fim e ao cabo a responsabilidade de toda esta embrulhada seja dos pontos de vista diferentes, porque afinal, a nós também nos ensinaram que o amor é uma bênção , o culminar de todos os sonhos , mas eles acreditam que o amor é uma prisão, um bilhete só de ida para Auschwitz, com direito a trabalhos forçados e torturas diabólicas do tempo da Inquisição. A verdade é que não faço a mais pálida ideia do motivo que os leva a resistir tanto ao amor e simultaneamente também não sei para que raio nos apaixonamos nós.
Afinal de contas, amar para nós significa termos que reprimir as nossas emoções tanto espirituais quanto físicas, sob pena de os vermos eclipsarem-se diante dos nossos olhos.
Não podemos tornar óbvios os nossos sentimentos porque das duas, uma: ou somos logo tomadas por tontas, que estamos totalmente à mercê das suas vontades ou então somos apelidadas de “coitadinhas” de quem eles têm pena. Não sei mesmo porque carga de água nos apaixonamos, porque na hora da verdade, é muito pouco o que podemos entregar e gozar.
Ainda não há muito tempo, um amigo me dizia que “ o mal das mulheres de hoje é que se masculinizaram no que toca à sua vivência sexual”, e eu perguntei-lhe, como raio, pode um homem pensar algo assim, quando são os próprios homens que nos empurram para essa dita “masculinização”. Mas afinal, não são vocês que negam o amor? Não são vocês que fogem de uma declaração de amor como o diabo foge da cruz? Não são vocês que no inicio de uma relação têm por hábito ir logo avisando que não querem compromissos nem envolvimentos emocionais, porque preferem uma amizade colorida? Então em que ficamos? Do que se podem então queixar se nós decidimos lutar com as mesmas armas? Ahhh…pois, já me esquecia…sabe bem ser amado não é? Dá assim…uma sensação de porto seguro, abrigo, constância. É bom? Também acho. Mas para ganhar tudo isso é preciso merecer. É preciso dar em troca. Entre um homem e uma mulher não existe Amor Incondicional. Esqueçam! Acreditar em tal coisa é o mesmo que acreditar no pai natal, no coelhinho da Páscoa. Entre um homem e uma mulher o amor tem de ser alimentado. Essa é a condição principal. Se não for, morre. Extingue-se. Decidam de uma vez por todas o que é que querem, porque se vão passar o resto da vida a gritar: “Socorro, estamos a ser pressionados”, mais vale dizerem logo de uma vez que só querem sexo porque sexo também é bom e nós gostamos.
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