Tuesday 18 March 2014

Livros



É a democratização da cultura. Escrevem-se livros.
Quase toda a gente escreve um livro. 
100 páginas quando muito e já está. Sem sumo, mau português. 
A maioria são poemas ou estórias que não acrescentam nada à vida de quem os lê. São assim os democratas da cultura. 
Mulheres que se dizem poetas, homens que se auto proclamam de poetisas...absurdo? Já o li, escrito por gente que assina livros!! Todos autores, escritores da sua vaidadezinha pessoal irritante. 
E depois há os outros. Os que não querem atirar com nada para as editoras antes da certeza, ou pelo menos a convicção de que vai valer a pena. Não para o autor mas para o leitor. Porque quem tem que ganhar com um livro é o leitor. 
Se eu não for capaz de transportar quem me lê para dentro da estória ou da história; se eu não for capaz de o fazer sentir a brisa marítima, enquanto ela o espera no cais; se eu não lhe puder levar o perfume das açucenas; se o meu drama, romance, comédia, tragédia, não invadir o espaço em que aquele livro se abriu; se eu não provocar um soluço, um arrepio, uma gargalhada, o medo a invadir os ossos de quem se retesou na cadeira e virou a página com o coração aos pulos...então porquê escrever, apresentar...vender...tentar ser algo que não sou, porquê escrever?
 Escrever realmente não obedece a democratizações. Quem o faz bem, não precisa delas para nada e quem o não sabe fazer, deve dedicar-se a outra coisa qualquer.