Friday 21 August 2009

E os meus Óscares vão para:


TUDO SOBRE A MINHA MÃE





Pedro Almodóvar tem um dom raro. Ele consegue transformar histórias bizarras em obras de arte únicas de sensibilidade extrema. Tais histórias, em mãos erradas, poderiam se tornar meros melodramas fadados ao fracasso. Em "Tudo Sobre Minha Mãe", o realizador consegue o seu trabalho máximo, com características marcantes de toda a sua filmografia, como por exemplo o seu amor declarado pelas mulheres, o drama íntimo e pessoal de cada personagem trabalhado de maneira única e tudo recheado com as melhores referências cinematográficas possíveis.





Sínopse...

Esteban (Eloy Azorín) é um precoce escritor de dezessete anos que, no seu aniversário, pede como presente à sua mãe, Manuela (Cecilia Roth), para ir a uma apresentação da peça "Um Bonde Chamado Desejo" (no cinema, Uma Rua Chamada Pecado, com Marlon Brando e Janet Leigh). Após a peça, Esteban espera ansiosamente pela saída da estrela Huma Rojo (Marisa Paredes) dos camarins, a fim de lhe pedir um autógrafo. Devido ao temporal, Esteban é atropelado, falecendo logo a seguir no hospital. Sozinha, a sua mãe decide voltar para Barcelona, cidade de onde fugira há alguns anos atrás, para encontrar o pai do menino, que vive como travesti, e dar-lhe a difícil notícia.



E pronto...resta dizer que me fartei de chorar a ver este filme.

Friday 14 August 2009

Até que a morte nos separe...



Ainda não o disse aqui, mas este fim-de-semana fui a uma festa muito especial.
Mais especial (penso eu) que um casamento. Fui a uma renovação de votos. Ora a renovação de votos, é assim qualquer coisa como tirar a Deus toda e qualquer dúvida (caso Ele as tenha) de que vamos mesmo permanecer juntos até que a morte nos separe, tal como prometemos (neste caso há 25 anos atrás). Esta história de renovar os votos do casamento, só é tão especial e importante, porque como sabemos estamos em pleno séc. XXI, época de total emancipação da mulher, apogeu no número de divórcios e queda vertiginosa do amor, que deixou de ser um sentimento e passou a ser mais um mito, uma lenda que como qualquer outra remetemos para os contos de fadas e acreditamos que não existe. - “ olha lá, acho que é mesmo amor que sinto por ele. Será? – “Tas a alucinar? Isso do amor não existe! Ou também acreditas que se te picares num fuso dormes a vida toda? Ah, e já agora esperas que ele te beije para acordares,não?”
Pois no fim-de-semana passado, a minha tia (poucos anos mais velha que eu e que disputou comigo namorados na primária), provou-me o contrário, vestindo-se outra vez de noiva, bela e imaculada e dizendo mais uma vez o SIM ao marido, após 25 anos de turbulência conjugal. 25 anos não são 25 dias e hoje há casamentos que nem os 25 dias aguentam, o que dizer de 25 anos? Se somarmos as brigas, as palavras amargas atiradas bocas fora, as inseguranças sucessivas, os problemas monetários, as chatices carregadas do trabalho para casa, as depressões pós-parto, as dores de cabeça (ou a falta de vontade) que tantas e tantas noites impediram o sexo, o amor roubado ao marido para dar aos filhos, mais a rotina que se instalou, temos um saldo bastante negativo no que toca à tendência para manter um grande amor. E aqui, quer queiramos quer não, o tamanho conta mesmo, porque um amor pequenino já teria morrido há muito e com ele todas as hipóteses de segurar mais uma vez no bouquet e em frente ao padre dizer o “ Sim, quero passar contigo todos os dias que restam da minha vida.”
Lindo não é? Confesso que senti um arrepio imenso a percorrer-me a espinha no momento em que os ouvi dizer isto. Só não sei se devido à emoção do momento, se devido àquela sensação de longevidade ao lado de outra pessoa, coisa que sempre me atormentou embora simultaneamente até o deseje. Mas também pode ter sido por causa da porta da igreja estar aberta. Adiante… A verdade é que casar há 25 anos atrás era um nadinha diferente do que é hoje. As pessoas na época ainda acreditavam realmente no amor. Os homens não eram tão indecisos, se namoravam uma rapariga era porque queriam mesmo casar com ela, caso contrário ficavam-se pelas “curtes”, (sim nesse tempo já haviam curtes) mas também era certo que essas curtes não davam para muito mais que uns beijos e uns amassos dados meio às escuras, longe dos olhares alheios. Daí que namorar poderia ser muito mais rentável. Claro que o namoro implicava ir a casa dela pedi-la ao pai, que é como quem diz, sujeitar-se a uma corrida desenfreada pelas ruas mais próximas, mas pelo menos as probabilidades de chegarem à “queca” eram muito maiores. É óbvio que nem todos os casais de há 25 anos atrás o faziam. Nessa altura não faltavam adeptos da “ virgindade até ao casamento” e recordo-me perfeitamente de algumas das minhas colegas de turma, estarem impedidas pelos pais de fazerem a espargata , para não romperem o hímen. Ora a minha tia, era uma dessas adeptas da virgindade até subir ao altar, o meu tio, idem-idem-aspas-aspas, e assim segundo contam, a primeira noite deles foi mais de lua -de- fel que de lua-de-mel, uma vez que a ignorância (dela principalmente) em relação ao sexo era tanta, que se ele lhe tivesse dito que a penetração era feita pelos olhos, ela teria aceitado sem hesitar, ainda que isso lhe valesse ter ficado zarolha para o resto da vida. E era assim que se imaginava que a mulher conhecesse o sexo. Através da ignorância, da dor e do dever de desfrutar dele. E aqui as complicações não eram poucas, porque a ideia que as mulheres tinham do sexo na altura, não se comparava à ideia que as mulheres têm agora. Como 25 anos apenas podem fazer tanta diferença! Ao contrário desses tempos, o sexo hoje é profusamente associado ao prazer e agora sim, nenhuma mulher corre o risco de ficar zarolha por causa dele (ainda que a penetração seja efectivamente feita pelo olho…ihihih). Entrámos pois na era da libertação sexual. E ironicamente também na era da libertação do amor. Libertámo-lo de tal maneira, que agora, queremo-lo de volta, procuramo-lo quase desesperadamente e não sabemos por onde se esconde.Esta é sem dúvida a grande tragédia dos nossos dias. Esqueçam os atentados terroristas, a bomba atómica da Coreia do Norte, o tsunami na Ásia ou a fome em África. O que nos faz verdadeiramente perder a nossa humanidade é esta incapacidade de nos apaixonarmos, de vertermos o nosso amor uns sobre os outros seja de que forma for. Não me venham cá com tretas...o amor maior não é o dos pais pelos filhos ou o inverso.Esse é um amor titânico sim, pelo qual damos tudo, inclusivé a vida, mas é um amor que não escolhemos, como não escolhemos os nossos filhos ou os nossos pais.É um amor que a vida nos "impõe" e curiosamente o único que é incondicional.Apesar disso não há amor mais sublime e divino que aquele que une um homem e uma mulher. Porque dois seres estranhos que à partida a nada são obrigados, são capazes (ou deviam ser), de nutrir um pelo outro o único sentimento que tem o poder de os fazer jurar permanecerem juntos, apesar de todos os contras, enquanto tiverem ambos um sopro de vida.
Se perder isto não é uma grande tragédia não sei o que será.

Tuesday 11 August 2009

Socorro ! Estou a ser pressionado!



Não sou propriamente uma daquelas mulheres com gato para quem há palavras proibidas. Mas confesso que existe uma que varri do meu vocabulário, não gosto dela, causa-me urticária. Pena. Ora , ao que sei, penas têm as galinhas e galinhas tem o Tony Carreira e como eu não gosto do Tony Carreira e acho as galinhas animais especialmente estúpidos também não gosto de penas. Muito menos da palavra no singular. Tudo isto para dizer que se há coisa que me afasta exponencialmente de qualquer hipótese de manter e/ou alimentar seja que tipo de sentimento for em relação a alguém é descobrir que essa pessoa sente pena do que eu sinto, ou de como me sinto. Pena não, Obrigada! Se calhar escrever sobre o amor é piroso, está tão fora de moda como as músicas do Marco Paulo e faz com que algumas pessoas pensem que quem escreve o amor é coitadinha(o), incompreendida(a), mal amada(o) enfim…dá pena! Pois não tem que dar! Não tem! O amor acontece, vive-se e pode não ser correspondido, pois pode, que se lixe! Faz parte. Não é o fim do mundo, não é propriamente um drama embora cause alguma dor, mas ninguém morre de amor. Morre-se de fome, morre-se por doença, por acidente, NÂO SE MORRE DE AMOR! O amor sim, acaba por morrer não havendo a troca dessa energia. E depois tudo volta ao mesmo. O ciclo repete-se (ou não, dependendo da “sorte” que se tem da próxima vez). A seguir a uma “desilusão” vem outra “ilusão”, a começar com os habituais jogos de sedução, a chamada fase da conquista, a arte de cortejar, que embora o dicionário não defina, é assim qualquer coisa como “ esperarmos feitas parvas” que alguém repare em nós e o demonstre.
A verdade é que nisto do amor, a vida das mulheres com gato é um verdadeiro nó cego e temos mesmo que esperar que nos apareça algum homem com cão disposto a desatá-lo. (espero bem que um homem com cão o consiga, porque já experimentei com um homem com gato e não deu! Bem…não era bem um homem com gato, era mais um homem que a ter um animal teria um gato e não um cão). Adiante… Como eu dizia, parece que é a eles que cabe a tão difícil tarefa de tomar todas as decisões e nós apenas podemos acatar as ordens ou os sinais que nos forem enviados.
Não concordam? Então pensem bem nisto: Eles podem mostrar interesse sem que corram o risco de os acharmos fáceis, podem ligar as vezes que quiserem, podem entupir o nosso telemóvel com sms, podem revelar o que sentem sem o receio que nós pensemos que os temos na mão. Nós não podemos dar-nos a nenhum desses luxos, porque toda e qualquer coisa que façamos se converte em pressão e à mínima coisa espantamos o homem para um lado e o cão para o outro, ambos em puro pânico : “Socorro, estamos a ser pressionados!”
E aí é que está o “busílis” da questão, porque para qualquer mulher apaixonada é uma verdadeira tragédia “espantar” o seu “ mais-que –tudo” e então fazemos o impossível, para os tratarmos com “luvas de pelica”,andamos em seu redor com pezinhos de lã, fazemos contorcionismo, se preciso for, para não lhes tocarmos em nenhum ponto fraco, medimos as palavras, pesamos as manifestações de carinho. Tudo isto porque desde sempre nos ensinaram que eles perdem o interesse com muita facilidade, que não podemos dar tudo, que não devemos confessar tudo, que eles precisam do seu espaço caso contrário fartam-se, aborrecem-se. Ao mínimo descuido a ameaça de que podem procurar outra, começa a pairar sobre as nossas cabeças e por tudo e por nada somos levadas a pensar que deixámos de ser mulheres para nos transformarmos em pastilha elástica que grudou e de quem eles sentem a necessidade imperiosa de se soltar. Talvez ao fim e ao cabo a responsabilidade de toda esta embrulhada seja dos pontos de vista diferentes, porque afinal, a nós também nos ensinaram que o amor é uma bênção , o culminar de todos os sonhos , mas eles acreditam que o amor é uma prisão, um bilhete só de ida para Auschwitz, com direito a trabalhos forçados e torturas diabólicas do tempo da Inquisição. A verdade é que não faço a mais pálida ideia do motivo que os leva a resistir tanto ao amor e simultaneamente também não sei para que raio nos apaixonamos nós.
Afinal de contas, amar para nós significa termos que reprimir as nossas emoções tanto espirituais quanto físicas, sob pena de os vermos eclipsarem-se diante dos nossos olhos.
Não podemos tornar óbvios os nossos sentimentos porque das duas, uma: ou somos logo tomadas por tontas, que estamos totalmente à mercê das suas vontades ou então somos apelidadas de “coitadinhas” de quem eles têm pena. Não sei mesmo porque carga de água nos apaixonamos, porque na hora da verdade, é muito pouco o que podemos entregar e gozar.
Ainda não há muito tempo, um amigo me dizia que “ o mal das mulheres de hoje é que se masculinizaram no que toca à sua vivência sexual”, e eu perguntei-lhe, como raio, pode um homem pensar algo assim, quando são os próprios homens que nos empurram para essa dita “masculinização”. Mas afinal, não são vocês que negam o amor? Não são vocês que fogem de uma declaração de amor como o diabo foge da cruz? Não são vocês que no inicio de uma relação têm por hábito ir logo avisando que não querem compromissos nem envolvimentos emocionais, porque preferem uma amizade colorida? Então em que ficamos? Do que se podem então queixar se nós decidimos lutar com as mesmas armas? Ahhh…pois, já me esquecia…sabe bem ser amado não é? Dá assim…uma sensação de porto seguro, abrigo, constância. É bom? Também acho. Mas para ganhar tudo isso é preciso merecer. É preciso dar em troca. Entre um homem e uma mulher não existe Amor Incondicional. Esqueçam! Acreditar em tal coisa é o mesmo que acreditar no pai natal, no coelhinho da Páscoa. Entre um homem e uma mulher o amor tem de ser alimentado. Essa é a condição principal. Se não for, morre. Extingue-se. Decidam de uma vez por todas o que é que querem, porque se vão passar o resto da vida a gritar: “Socorro, estamos a ser pressionados”, mais vale dizerem logo de uma vez que só querem sexo porque sexo também é bom e nós gostamos.