Sunday 28 April 2013

Este também ouve passarinhos!





O homem a quem Chávez falou através de um passarinho também acredita que o ex-líder da Venezuela se substituiu ao Espírito Santo (digo isto porque os católicos acreditam que é o Espírito Santo quem escolhe o novo Papa. Eu cá, acho que são os cardeais que o escolhem). Mas Maduro vai ainda mais longe e acredita que foi Chávez quem o escolheu, pelo menos desta vez. Isto é preocupante. Não mais do que a fraude vergonhosa que envolveu todo o acto eleitoral, é certo, mas são indícios demasiado óbvios de que o homem é completamente louco. Ou isso ou Maduro tem um jardim carregadinho de papoilas. Só isso pode explicar esta pretensão doentia de ser o "ópio do povo".

"Maduro sugere que Chávez influenciou escolha do papa"
por Lusa, publicado por Ricardo Simões Ferreira

"Sabemos que o nosso comandante está de pé e face a face com Cristo", disse Maduro, despoletando um coro de gargalhadas durante uma iniciativa política, e apenas oito dias após a morte de Chávez, que se manteve 14 anos no poder.

"Algo deve ter tido influência para que um papa sul-americano fosse nomeado. Alguma nova mão aproximou-se de Cristo, e disse: Chegou o tempo da América do Sul. Isso é o que penso", declarou o sucessor de Chávez. "Um destes dias vai convocar um congresso constitucional no céu para alterar a igreja no mundo e para que o povo, o único povo puro de Cristo, governe este mundo", sugeriu, numa nova referência ao ex-chefe de Estado."

Almas Gémeas...




Não deve haver coisa mais triste neste mundo que nos apaixonarmos pela nossa alma gémea.
Não falo daquela tristeza que nos pára os sorrisos à chegada, falo de uma tristeza que se veste de alegria, de coração quente, de sangue que nos pula nas veias, de ilusão.
É tão fácil gostar da nossa “alma gémea”, mas tão fácil, que será muito fácil pensar que se gosta de alguém quando de facto apenas gostamos de nós, num outro corpo.

O que acontece é que todos andamos à procura dessa “alma gémea”, dessa coisa que nos completa, que nos deixa confortáveis, e amar - se for possível - não pode ser só uma forma de conforto, não deve ser só um cobertor que nos aquece a existência dos sentidos.
Sentir é muito mais do que adormecer. É ouvir, é ver, é gesticular com as palavras, é ir mais além, é discordar e mesmo assim querer ficar mais um pouco, mais uma hora, ou duas, só para sentir o prazer de não concordar!

Depois, bem depois, vem aquela irritaçãozinha de ver pessoas que acabam as frases uns dos outros, que se riem muito, e que dizem que foram feitos um para o outro. Mas que burrice. Que estupidez. Que forma tão parva de mascarar o amor.Haverá coisa mais chata de termos sido feitos para alguém?

Gosto de pensar que fui feita para descobrir, para pensar, para correr a vida sem olhar para trás, e se tivesse sido feita para alguém, jamais seria para a minha alma gémea, para alguém que me fosse “igual”.

É preciso dizer que gostar da nossa alma gémea não é amar a diferença, a discussão, as perspectivas diferentes, os mundos que apesar de desiguais convivem. Conviver com as nossas ideias, não é mais de que um amor narcisista que temos por nós mesmos, e se só gostamos de quem somos, seremos incapazes de amar alguém.

O amor, a existir, não se encontra em quem nos é parecido ou igual, encontra-se na forma como conseguimos sorrir à divergência, fintar a discordância, conviver com o não.
Pobres almas que se apaixonam pelas suas gémeas. Que precisam de alguém que as complete, que lhes adivinhe o pensamento não por conhecer a reacção, mas porque estão a pensar no mesmo. Tristes existências que existem sem marcar.

E não me digam que encontraram o amor, porque acharam o agasalho cómodo de uma alma gémea.

Crimes Perfeitos






"Sim, o Demónio consegue assumir qualquer disfarce. Mas é no corpo de uma mulher tomada pela paixão que ele se sente em pleno. Nenhuma outra forma lhe assenta com tanta perfeição.
É nessa pele que o Demónio se sente ainda mais Demónio..."
(Marla in Crimes Perfeitos)


Ai de quem diga que não viajamos...


Há cada vez mais caldenses, que quando dão o seu passeio de fim de semana, ficam-se pela Foz do Arelho. De tanto o fazerem, acredito mesmo que já nem conhecem o resto do concelho e muito menos, algum lugar fora dele. Como é que eu sei isso? Combinando saídas com caldenses. E percebendo que esses caldenses não fazem a mais pálida ideia, onde fica o lugarejo que estou a sugerir. Alem disso, generalizou-se por aqui uma espécie de comodismo de viúva de militar. “ Eh pá, é muito complicado ir para aí. Não queres combinar antes ali no Infante ao pé da rotunda?”. Uma preguiça, uma falta de curiosidade, uma atitude do género
“ir beber um copo ao Pato Bravo em S.Martinho ou uma ginjinha no Toupeira em Óbidos já é ir para o estrangeiro.” De certa forma, percebo os benefícios desta falta de vontade em deixar os lugares do costume, este sedentarismo. Nesta altura de pouco "guito" é bom poder acreditar que ir da avenida 1º de Maio ao Avenal já é fazer um safari.

E os meus Óscares vão para:


Sense and Sensibility – Sensibilidade e Bom Senso (1995)





Há qualquer coisa de irresistível nas histórias de amor de tempos passados, quando as mulheres envergavam vestidos maravilhosos, os homens cortejavam-nas com uma elegância sublime e o chá das cinco era um verdadeiro ponto de encontro social. Uma obra-prima de Jane Austen que conta a vida das adoráveis irmãs Elinor (Emma Thompson) e Marianne (Kate Winslet) Dashwood desde o momento em que perdem tudo, até reencontrarem a verdadeira felicidade. Também ajuda que o Hugh Grant anda lá pelo meio! Mesmo hoje, em pleno século XXI, o amor requer apenas algum senso e sensibilidade… nada mais, não acham?

Mundo Imperfeito





Numa ‘March Against Child Labour’ em Nova Iorque, a repórter pergunta a uma criança que acompanha os pais: «Sabes porque é que estás aqui?». O miúdo respondeu: «Sei, é para protestar contra o trabalho infantil dos meninos que são obrigados a fazer Nikes no Vietname». A repórter insistiu: «Tens pena desses meninos?». A criança concordou: «Sim, acho que os meninos do Vietname também deviam poder jogar na Playstation e ver televisão, depois da natação.» 
Estima-se que no Mali, 55% das crianças entre os 10 e os 14 anos trabalhem. No Brasil serão mais de 15% e no Bangladesh cerca de 1/3. No Quénia são mais de 40%. Na China, cerca de 10%. Em todo o terceiro mundo a fotografia é a mesma, o trabalho infantil é não só uma triste realidade, como é, muitas vezes, a normalidade.
Milhões de crianças vietnamitas trabalham, nos arrozais, nas sweatshops, em fábricas de vão de escada que fornecem multinacionais e, principalmente, em casa. Serão os pais vietnamitas gente sem coração nem amor pelos filhos?

É fácil para um europeu do século XXI manifestar a sua indignação por estes números e exigir medidas para banir o trabalho infantil. Infelizmente não é possível acabar com o trabalho infantil gritando em manifestações ou publicando decretos-lei. A solução, a única solução, é o tempo. É esperar que os países mais pobres se desenvolvam, enriqueçam, e que os pais das futuras gerações consigam alimentar os seus filhos sem precisar de sacrificar a sua infância.

A ideia de que se podem castigar os países/empresas onde há trabalho infantil, através de embargos comerciais, essa sim, constitui um crime contra a pobreza. O miúdo do Vietname que passa a noite a coser bolas para a Nike, subcontratado por um qualquer subcontratado de um subcontratado da Nike, é invejado pelo filho do vizinho que trabalha 10 horas por dia nos arrozais ou nas minas e que também gostava mais de coser bolas em casa. Não só pagam melhor, como é uma bênção para os pais vietnamitas ter um filho a trabalhar em casa.
Se o ocidente decide impedir a importação de produtos vietnamitas por causa do trabalho infantil, está apenas a tirar os miúdos de casa e a mandá-los de volta para os arrozais. A alternativa nunca é a Playstation ou os Morangos com Açúcar. É apenas mais pobreza e mais trabalho.
É óbvio que devemos sensibilizar, lamentar e por vezes exigir. Mas não podemos impor a quem nada tem que morra à fome em nome do nosso bem-estar intelectual.
É disto que trata a reportagem da SIC. Das desigualdades que proliferam por esse mundo afora. Desigualdades que para uns são mais trágicas que para outros. Na Europa do Norte, ou melhor, na Dinamarca a grande preocupação é que as desigualdades diminuam entre si e a Finlândia. Os dinamarqueses querem chegar lá…ao nível de (im) perfeição dos finlandeses. Nós queremos quando muito equipararmo-nos aos franceses, já para não dizer, dos espanhóis. E o que dizer dos guineenses? Com toda a certeza que eles desejam as nossas “más” condições, a nossa taxa de desemprego, a nossa qualidade de ensino, o nosso sistema de saúde, etc. O mundo é mesmo isto. Imperfeito.
E um ocidental, não pode fazer nada para acabar com este drama? Pode. Para começar podemos enquanto cidadãos delegar nos nossos políticos a responsabilidade de tomar medidas de apoio aos países subdesenvolvidos. Como por exemplo exigir o levantamento de todas as barreiras alfandegárias que impedem os países mais pobres de iniciar a sua longa caminhada na senda do desenvolvimento. Pode ser solidário. Ser solidário também com o vizinho que mora ao lado, porque não é só na Guiné- Bissau que há dificuldades extremas. Nós por cá também temos muitas famílias que mal conseguem o sustento. E muito sinceramente, acho que esta reportagem deixou muito a desejar no que toca à realidade em que vive a maioria das famílias portuguesas. Como bem sabemos, casais com rendimentos mensais semelhantes ao que vimos na reportagem, ele engenheiro e ela professora e um nível de vida como o que foi mostrado continua a ser o sonho do mundo perfeito, para milhares de portugueses. O sonho…não a realidade. Como não há-de sê-lo para milhões de africanos?
Quanto à Dinamarca…bem, quanto à Dinamarca, sinceramente não me ocorre mais nada a não ser isto:
“Porque protestam estas pessoas?” - perguntou Maria Antonieta.*
“Têm fome. Pedem pão.” - respondeu o cocheiro.
“Se não têm pão, comam croissants.”


(Maria Antonieta, que se tornou rainha consorte de França em 1770 após o seu casamento com Luís XVI. O seu reinado de ostentação e desinteresse pelo povo, durou até à revolução francesa que teve inicio a 5 de Maio de 1789 e terminou a 9 de Novembro de 1799.)

Crise...


“Não me dês conselhos, dá-me dinheiro”, este provérbio espanhol, parece á primeira vista consensual. É sabido que os conselhos não pagam dividas, principalmente numa conjuntura económica dita de crise.
Diz também o saber popular, neste caso em Português, “Não dês de comer, dá uma enxada”.
Será que o défice não é tanto orçamental, mas mais um défice de enxadas ?, Tais como, educação, formação, organização, saúde, cultura cívica. Não serão estas e outras enxadas que semearam a verdadeira qualidade de vida?
Objectivamente, o ditado espanhol é muito mais apelativo que o português, mas a isso também vamos estando habituados, senão vejamos:

Dá-me uma enxada .

Dá-me dinheiro .

Escolham . . .

Se a tua pedra afundar...





O paradigma do séc.XXI: enquanto me deres carinho e tratares de mim, eu vou-te amar. Então, trocamos o nosso amor por um punhado de carinhos e boas intenções. Aprendemos as regras desde a infância: se fores uma boa menina, dou-te um chocolate.
Parece que ninguém é amado simplesmente pelo que é, por existir no mundo da forma como sente, mas sim, pelo que faz em troca desse amor. E quando alguém, por alguma razão, deixa de dar carinho e se afasta? A maioria carrega no botão do desliga-amor, activado pelos medos e sentimentos de abandono, e corre na direcção dos braços mais quentinhos das redondezas. A história ciclicamente renova-se: enquanto fizeres coisas por mim , eu amo-te e fico ao teu lado, porque afinal, em primeiro lugar eu tenho de me amar a mim próprio. Mas que espécie de amor é esse?
É um amor que não serve nem a nós mesmos nem aos outros.
Eu também tenho receios, fantasmas aterrorizantes que atacam de quando em vez, mas não quero acreditar no que eles dizem. Quando saio de uma relação importante, penso que o mundo no qual eu acreditava tem que existir! Deve existir! Nem que este lugar seja apenas num qualquer lugar recôndito, entre a cabeça e o coração... Mesmo que ele não exista em mais recanto algum, se eu, pelo menos, puder construí-lo em mim, como um templo das coisas mais bonitas em que acredito, o mundo encher-se-á de amor e nunca mais ficará doente. Nesse mundo, ninguém precisará de trocar o melhor de si mesmo por coisa alguma porque todo o amor terá o poder de nascer sozinho entre os dedos das mãos. Qualquer amor que seja puro alimenta-se até do respirar, do contemplar do mar, do fechar dos olhos, do abrir das asas que não temos para voarmos lado a lado. Nesse mundo, as pessoas não se abandonam. Elas nunca se vão embora porque não fomos uns bons meninos. Ou porque ficamos com os braços tão fracos que não conseguimos abraçar e ficar por perto.
Mesmo quando o outro se vai embora, nós não vamos. Ficamos e fazer um jardim, um banquinho cheio de cores do qual cuidamos porque aquele é o banquinho onde repousam as coisas bonitas,as grandes recordações, as marcas que nos deixam os grandes amigos. Quem um dia ocupou um lugar especial na nossa vida, sabe que, a qualquer momento, em qualquer lugar, daqui a quantos anos, não sei, pode simplesmente voltar, sem mais explicações.
No mundo que conhecemos as relações dão-se por aí, mas não têm verdade.
“Eu fico sobre a pedra, enquanto estiveres saudável, amoroso e bem-humorado. Enquanto assim for, nós amamo-nos. Se a pedra se afundar, eu não mergulho para te dar a mão, eu salto para outra pedra e começo outro amor”.
Mas o que pode ser mais arrebatador nesse mundo do que o encontro entre duas pessoas? Para mim, reside aí todo o mistério da vida, a intenção mais genuína de um abraço. Encontrar alguém para encostar a ponta dos dedos no fundo do mar, é o máximo de encontro que pode existir, não mais que isso. Encostar a ponta dos dedos no fundo do mar. E isso não é nada fácil, porque existem os fantasmas do abandono, que desejam a todo instante, interromper os nossos abraços com o medo e a desconfiança.

Mas se eu não entender isto agora, a minha arte será uma grande mentira, as minhas histórias de amor serão todas mentiras, o meu livro será uma grande mentira porque neles o que impera mais que tudo é a lealdade, como um Sancho Pança atrás do seu louco Dom Quixote.
É a certeza de existir um lugar, em algum recanto, onde somos acolhidos por um grande amigo.
Se a tua pedra se afundar, eu salto contigo para te dar a mão.

(Autor Desconhecido)

E os meus óscares vão para:


NOTHING HILL


O que pode acontecer quando a maior estrela do cinema se apaixona por uma pessoa comum? A resposta está neste filme do diretor Roger Mitchell. Com Julia Roberts e Hugh Grant nos principais papéis.Claro que toda a gente já viu, mas rever é sempre delicioso.




Mais uma comédia romântica para elas, que eles também não dispensam.