Monday 13 July 2015

A casa onde moro não importa


O que importa na verdade é a casa que mora dentro de mim.
Importam os muros que me revestem para lá da minha fachada.
Importa a minha construção.
Importa a forma como me edifico a partir daquilo que já tenho, o que vivi e deixei partir, e importa o material novo que me molda e define um pouco mais todos os dias.
Importa saber que a parte de mim mais importante é a que me sustém e não o reboco visível. São os meus alicerces. Esses que ninguém vê. Eles suportam muitas das minhas palavras não ditas, caminhos não percorridos, sonhos não realizados. Mas também é lá que se escondem os meus acertos e contradições, as minhas certezas e incoerências, os meus desvarios e convicções. E é com eles que sigo o meu caminho, cada vez mais cheio de percalços e desafios.
Não sou perfeita. Tenho contrastes. Um canto bem diferente do outro...uma divisão enorme onde guardo tudo e outra tão pequena que não cabe lá nada. Nas minhas esquinas e nos meus soalhos, nos meus tectos e beirais, alguma coisa aqui e ali já se partiu, degradou, enferrujou, derruiu.
Tenho paredes rachadas e infiltrações. Frestas que se divisam e deixam passar o vento. Incomodam-me e desconfortam-me.
Outras vezes, o assobio agudo que sibila nos corredores, só me distrai. Mas, não vou por isso proteger-me com camadas infindáveis de pedra e ferro. Ou trancar as minhas janelas. Continuo a abri-las, aceitando o inesperado e vivendo o improvável.
Ainda que a vida me finte, e traga à minha porta ladrões ou tempestades, eu continuarei a abrir as minhas janelas. Venham os assaltos e as derrocadas. Essa é a natureza da vida. A minha, é resistir-lhes.

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Leva-se muito tempo a ser-se jovem

Já Picasso dizia: “ Leva-se muito tempo a ser-se jovem”. Acredito que ele se referia ao tempo que se perde com “coisinhas”, insignificâncias que nos nossos 20 anos têm uma dimensão titânica. O vento que despenteou, a roupa que não combina, a unha que se partiu, o rímel que esborratou… Entre os 15 e os 30 (os nossos anos dourados), tudo é motivo para decepção e lágrimas. O fim do mundo vem com o fim de um namoro, de uma festa. O fim do mundo vem com a meia que rompeu, a má nota na escola, uma “tampa” de alguém que nos cativou. Então vem a vida com a sua bagagem cheia de experiência e diz-nos que as pequenas desgraças do dia-a-dia não passam disso mesmo: pequenas desgraças. Coisinhas tolas e sem importância. E então aprendemos que o melhor de estar vivo é rirmos de nós mesmos e morrermos de amor. Por um filme, um livro, um perfume, uma pessoa…muitas pessoas, muitos perfumes, muitos livros, muitos filmes.
Como diz Carlos Drumond de Andrade : “...ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim…”

Ana Cristina Pinto


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