Monday 13 July 2015

Leva-se muito tempo a ser-se jovem

Já Picasso dizia: “ Leva-se muito tempo a ser-se jovem”. Acredito que ele se referia ao tempo que se perde com “coisinhas”, insignificâncias que nos nossos 20 anos têm uma dimensão titânica. O vento que despenteou, a roupa que não combina, a unha que se partiu, o rímel que esborratou… Entre os 15 e os 30 (os nossos anos dourados), tudo é motivo para decepção e lágrimas. O fim do mundo vem com o fim de um namoro, de uma festa. O fim do mundo vem com a meia que rompeu, a má nota na escola, uma “tampa” de alguém que nos cativou. Então vem a vida com a sua bagagem cheia de experiência e diz-nos que as pequenas desgraças do dia-a-dia não passam disso mesmo: pequenas desgraças. Coisinhas tolas e sem importância. E então aprendemos que o melhor de estar vivo é rirmos de nós mesmos e morrermos de amor. Por um filme, um livro, um perfume, uma pessoa…muitas pessoas, muitos perfumes, muitos livros, muitos filmes.
Como diz Carlos Drumond de Andrade : “...ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim…”

Ana Cristina Pinto