Tuesday 29 December 2015

Para iluminar 2016


Nas viagens que faço ao meu passado encontro muitas vezes uma miúda magricela com a pele muito morena a fingir que fala inglês com os turistas que se passeiam em S.Martinho do Porto. A miúda come gelado “Epá”, sempre na expectativa da última colherada que a recompensa com uma pastilha elástica em forma de berlinde, e volta e meia sai da areia onde já fez buracos, construiu castelos e escondeu todas as conchas que encontrou (os seus tesouros) e vai dar umas braçadas na baía, mesmo antes da hora do lanche (pão com marmelada e um Caprisone). Enquanto a madrinha toma café, a seguir ao almoço, a miúda lê livrinhos de banda desenhada e os infantis ( Ruy, o pequeno Cid e a Heidi), depois saltita até ao parque infantil e diverte-se no baloiço e no escorrega ( os seus preferidos). 
Tento perceber que tipo de sonhos a miúda acalenta, o que quer ela para o futuro, mas constato que a miúda é muito feliz a ler e a falar com os turistas, de quem quer saber muito, quer saber tudo, e chego à conclusão que a miúda gostaria mesmo era de viajar, pôr mochilas às costas e quem sabe, ter uma daquelas carrinhas pão-de-forma para percorrer o mundo inteiro ou pelo menos a Europa. 
A miúda queria coisas bem simples afinal. Livros e viagens. 
Entretanto, pelo que sei, a miúda cresceu, casou e teve filhos.Trabalhou em rádios e abraçou o jornalismo, desiludiu-se e descasou, deixou o marido, as rádios e o jornalismo, depois percebeu que não havia mais nada de que gostasse tanto e voltou às rádios e ao jornalismo, (mas não ao marido), e acrescentou músicas e mais livros e mais amores e um monte de dias e noites preenchidas pelos maiores Amores de todos : Os filhos. Hoje a miúda já não fala tanto com os turistas, mas fala inglês, às vezes atrapalha-se e reaprende, acrescentou ainda mais livros incluindo os seus próprios, acrescentou ainda mais músicas que ela própria cantou, e somou ainda mais filhos: três patudos que ela adora e trata com o mesmo carinho que dá às crianças porque são crianças que vê a correr pela casa e não um cão e dois gatos. 
Nunca assistiu a um Diwali ou um Durga Puja na Índia, nem tão pouco se emocionou “in loco” com o maravilhoso Yi Peng, na Tailândia, mas percorre todas as distâncias do mundo nos livros que lê e escreve. Às vezes a vida parece-lhe agreste demais e também demasiado disposta a roubar-lhe os sonhos. Para o sustento faz o que não gosta, lida com a mediocridade do dia-a-dia e das pessoas com quem se cruza. Lamenta-se e resmunga, zanga-se e chora. Mas continua com um pé no Ganges e outro em Chiang Ma e nos seus sonhos acende lanternas para que elas lhe iluminem a vida e solta-as para os céus como quem liberta os problemas. O Universo resolve. Resolve sempre. Ela acredita. E o próximo ano será de certeza muito melhor.


Coração partido

Se te partem o coração em mil pedaços, aproveita para repartir os bocados por aqueles que mais o necessitem.


Friday 25 December 2015

É Natal outra vez. O Teu aniversário.

Ensinaram-me que nasceste um pobrezinho, numa manjedoura cheia de palha e que com essa humilde entrada no mundo nos trouxeste a salvação. Ensinaram-me também que o Teu Pai, por mais que gostasse de Ti, gostava ainda mais de nós, porque permitiu que 33 anos mais tarde fosses crucificado em praça pública, depois de passares pela humilhação de carregares a Tua própria cruz por entre o povo que festejava alegremente a Páscoa e tudo isso, para nos resgatares do pecado.
Ensinaram-me também que o Teu Pai não é lá muito “boa pessoa”, porque é egocêntrico e exige de nós contemplação e adoração diária, é caprichoso e picuinhas, quer tudo à sua maneira e não gosta que se diga sequer o Seu nome. É ainda vingativo, porque nos castiga com o fogo eterno se não somos e fazemos o que Ele gosta e quer.
Hoje eu sei que o que me ensinaram não são senão disparates e que nem Tu eras um menino pobre nem as palhinhas em que nasceste fazem prova disso. O Teu pai, José , (que a Igreja insiste em não dizer que era José de Arimateia), era um nobre e só por isso tiveste depois acesso ao Sinédrio e ao que por lá se ensinava. Os pobres não tinham acesso à educação, nem tinham direito a túmulos, como tu tiveste quando morreste. Esses eram enterrados em valas comuns. As palhinhas em que nasceste, longe de significarem carência material, foram apenas circunstâncias do momento. Belém estava cheia de casais que vinham de todos os lados recensear os seus filhos homens, e por isso, não havia vagas nas poucas estalagens existentes na cidade. Mas isso leva a outra pergunta: o que faziam Maria e José em Belém para recensearem um bebé que ainda nem tinha nascido? Seria Tiago, teu futuro seguidor, cujo nome aparece gravado num túmulo em Jerusalém com a inscrição: “ Aqui está Tiago, irmão de Jesus de Nazaré”? É óbvio que havia um irmãozinho mais velho, que agora nunca aparece nas figurinhas do presépio. E esse detalhe, como bem sabes, desmonta a teoria de que a Senhora tua Mãe era Virgem.
Hoje também sei que o teu percurso em nada se deveu aos desígnios do Pai. Foi um percurso que escolheste. Tal como eu escolho o meu. 
Eras um menino rico e rebelde, tinhas influência sobre os teus pares, sabias ler e escrever, porque ao contrário de quase todos os teus seguidores, havias aprendido a ler pergaminhos e a escrever neles e tinhas ainda o dom da palavra. Eras um bom orador. Em suma, não foste muito diferente de alguns dos nossos meninos jotas, os que andam nas faculdades e nas oratórias partidárias. Com a diferença que nunca te vendeste e firmemente até ao fim, defendeste aquilo em que acreditavas. Mesmo pagando caro por essa demonstração de “espinha”. 
Hoje, por mais bonitas que sejam as mensagens, elas morrem logo que resvalam contra um obstáculo, mesmo que pequeno, ou pior, contra uma ambição. E assim se matam os ideais, coisa que Tu não sabes como se faz. 
Arrastaste multidões atrás de ti. A tanta gente farta da submissão a Roma, cresciam-lhes nos corações a esperança de dias melhores como na barriga das mães, lhes crescem os filhos. Foste sem dúvida um homem excepcional no teu tempo. O menino rico e rebelde, que teve oportunidades tão díspares dos seus conterrâneos. Estudaste, viajaste, enriqueceste culturalmente de uma forma que se agigantou perante a ignorância dos que te ouviam. E dessa sapiência brotaram tantas mensagens magníficas, que ficaram até hoje nas bocas de tantos e nos corações de tão poucos. Usaste a maravilhosa bênção da abundância material para o melhor que há neste mundo: Aprender. É uma pena que embora nunca tenhamos esquecido muitas das tuas mensagens também nunca lhes descobrimos o real significado. Quando dizias: “ Porque não acreditas, se te basta acreditar? “ e “ Vós sois Deuses”, não brincavas com as palavras, mas ao contrário, dizias claramente que esse Pai vingativo e picuinhas não existe senão nas estórias que contamos uns aos outros para nos manipularmos mutuamente. Eu depois também aprendi isso. Aprendi-o após vários anos a tentar imaginar-te a percorrer a Judeia de lés-a-lés, e de tentar perceber porque raio replicavas Tu tantas situações antes descritas noutros livros sagrados, bem anteriores ao teu nascimento. Claro que depois compreendi o óbvio: Aprendeste, pois claro! Tiveste acesso a tanto conhecimento durante os anos (aqueles entre os 12 e os 32 anos), que ninguém sabe onde estiveste. Há relatos de que terás estado no Iraque, na Índia, e noutros pontos do mundo, inclusive a Grécia. 
Li há uns anos um livro interessante que dava conta de uma teoria mais interessante ainda. Pedro terá sido o Teu verdadeiro traidor, pois era um mero pescador invejoso que mesmo sendo analfabeto, não suportava que fosses Tu o centro das atenções. Então, denunciou-Te e culpou Judas, Teu amigo mais leal. Depois da Tua morte, conseguiu o que quis e foi para Roma fundar a Igreja que hoje se diz fiel à Tua palavra. Conta lá, foi assim, não foi? Confesso que adorava conhecer o conteúdo dos Evangelhos não incluídos na bíblia durante o Concílio de Nicéia. E porque foram escondidos nas grutas de Qûmran no Mar Morto. O que sei, é que nunca se esconde nada que não seja importante.
Acredito que um dia, as Tuas palavras serão finalmente claras para nós. Sem códigos, criptografias ou truques de água e limão para fazer aparecer as frases sobre a chama de uma vela. Um dia, saberemos todos que foste um Homem e que por teres sido um Homem eras filho de Deus, como nós o somos, extensões dessa Energia magnífica que se expandiu por tudo o quanto existe e virá a existir. Mais do que sermos D’Ele, somos Ele. Tal como Tu, ainda que ao contrário de Ti não sejamos capazes de acreditar em tal prestígio porque nos menosprezamos. Porque nos detestamos. Porque nos temos em tão baixa conta que não nos parece possível que criaturas como nós possam ser elas próprias… Deuses. Fazedores dos seus destinos, comandantes dos seus próprios barcos. Faz-nos tanta falta o Amor-Próprio!
Sabes que depois ainda aprendi que estamos cá sim, como extensões do Pai, essa Energia Criadora, para experienciamos a matéria? Eu acredito nisso. E é por isso que acho que devemos ser o mais felizes que pudermos. Que não se desperdice a vida fazendo o que não se gosta e se tiver que ser, que seja o mínimo de tempo possível. Que não se desperdice a vida sendo à imagem e semelhança daquele Deus que afinal nem existe. O Deus rezingão, vingativo, egocêntrico, picuinhas e maníaco. Que se leve a Deus, que é o mesmo que dizer, que levemos a nós mesmos a melhor das experiências nesta Terra. Que se leve pois a Deus, o amor; a paz; a saúde; a alegria; a abundância, que é o mesmo que dizer: que levemos o melhor do melhor a nós mesmos. Todas estas coisas são de Deus, que é o mesmo que dizer: Todas estas coisas são nossas. Foi isto que nos ensinaste há dois milénios, não foi? Serão talvez precisos mais dois para o aprendermos. 
É Natal outra vez. O teu aniversário. Onde estiveres, Parabéns, Jesus!


Wednesday 9 December 2015

Passatempo de Natal

Caros amigos e leitores, tenho para oferecer como presente de Natal um exemplar do meu livro " A Guardiã-O Livro de Jade do Céu". Para o conseguir basta seguir as seguintes regras: Clicar em "GOSTO" na minha página de autora, deixar nos comentários um breve resumo do que acha que trata o livro, notificar 3 amigos e partilhar em modo público na página pessoal. O vencedor será escolhido aleatoriamente pelo Random.Org no próximo dia 17 de Dezembro à meia -noite. Vamos a isso? Boas Festas!
smile emoticon

Eis o link da minha página no facebook:
https://www.facebook.com/Ana-Cristina-Pinto-877680248938520/



Das paixões...

'As paixões arrebatadas são como os vinhos de melhores castas: primeiro alegram, depois embriagam, no fim azedam'
(Mário Zambujal)