Tuesday, 30 July 2013
50 sombras cinza
As cinquentas sombras de um Grey, que por si só é cinzento o quanto baste…
Falar deste livro é perigoso. Corre-se o risco de descambar para a crítica fácil (isto porque é mesmo muito fácil criticar a obra). A obra? O povo ancestral da Mesopotâmia, (pais da escrita, na altura cuneiforme) devem ter dado voltas ao túmulo quando a senhora E. L. James, vomitou para o mundo inteiro a sua literatura masturbatória. Atenção que eu nada tenho contra literatura masturbatória nem mesmo contra a pornografia em geral, mas ler mais de 500 páginas de relatos de virgens universitárias entregues ao sexo depravado, perigoso e (segundo a autora) altamente satisfatório, é dose!
A única coisa que se aproveita aqui, são os gajos que por acaso até são lindos de morrer, que por acaso até são multi-milionários e que por acaso até oferecem audis e macs e blackberrys em troca de uma ausência total de cuecas em jantares familiares. Infelizmente (para frustração do leitor) o sexo nem é depravado, nem perigoso, nem sequer é excitante. Se alguém já pegou num destes livros com o intuito de dar a si próprio uma alegria orgástica, desiluda-se desde já, pois tudo o que consegue é mandar umas gargalhadas (vá lá, se calhar o riso é o novo ponto G). As supostas tendências sado-maso do Sr. Grey ficam-se por pactos de submissão (que não incluem orgias, nem nada que se possa considerar imoral ou humilhante) que por acaso ninguém cumpre. A sério que levar com um cinto de cabedal no rabo é o mais extremo que a desgraçada da Anastasia consegue aguentar?
Bolas chinesas é sado? Sou uma precursora da nova sexualidade moderna, está-se mesmo a ver… E sobre o sexo ser altamente satisfatório, enfim, o Grey e a virgem que fornicam que se fartam, pelo que as leitoras (duvido que algum homem tenha paciência de ler para além do prólogo…ah…o livro tem prólogo?…nem sei.
Se calhar não. Afinal em pornografia para quê preliminares?), podem deleitar-se com aproximadamente duzentas e quarenta e oito variações de estupidificante (e repetitivo) pinocanço vaginal.
Viva o sexo na banheira! Viva o quarto do Desejo Proibido, vivam as f** na cama de ferro com as mãos atadas numa gravata cinzenta.
E agora digam-me lá meus amigos que estão desse lado do ecrã e que já desfrutaram desta magnífica obra de humor universal: é impressão minha ou as quecas são mais do estilo rapidinhas, ao modo coelho, que terminam SEMPRE com orgasmos simultâneos?
É impressão minha ou o Mestre de maléfico não tem nada?
Mas que raio de SUPER-GAJO-DO-SEXO-BRUTAL é este que rebenta logo com a escala do prazer assim que a submissa morde o lábio?
Mesmo considerando a E. L. James a nova promessa do humor literário e as Sombras do Grey um passatempo fundamental para manter um sorriso nos lábios (os de cima, atenção), alguém que já tem mais de 35, tem também uma vida para além do trabalho, contas para pagar e putos com que se preocupar, certo?
Quero com isto dizer que há sexo em mais de 3 décadas de vida. E cada um de nós, algum respeito por si próprio. É por isso que chegar à triste constatação que dezenas de milhões de mulheres (será exagero?) all over the world têm nesta fantochada o novo manual do pós-feminismo, a mim, até se multiplicam as urticarias, não me lixem! Quanto mal fez ao gajedo planetário a Shonda Rhimes e as séries infantiloides e descerebradas como o Sexo e a Cidade ou o Scandal, senhores! Digo isto, obviamente, porque em todas elas, as mulheres são postas ao nível de acéfalas que não podem ver um gajo giro com profundos problemas de empatia e sociabilidade (e com dinheiro e poder, óbvio) à frente, que começam logo a ter convulsões vaginais como se não houvesse amanhã. Do sexo selvagem e desenfreado à paixão mais tórrida é um instante, (segundo dizem) porque uma mulher nasce para amar e ser amada. E transformar um sociopata num marido perfeito?
Esta é a verdadeira obra! Aqui na fabulosa Trilogia Grey (de que só li o primeiro volume porque até eu tenho os meus limites) repete-se o mesmo esquema: gaja sem qualquer tipo de experiência que cai rendida de amor aos encantos do perturbado Charming Prince que no fundo sofre e não sabe o que lhe convém até que a conhece e se apaixona perdidamente por ela. Como se o amor fosse o todo-poderoso.
Como se o amor redimisse, mesmo que à base da submissão (ai, ele é ciumento, ai ele gosta de me mandar fazer coisas que fazem corar o diabo, ai eu estou fascinada pelo poder sexual e por chibatadas).
Amor possessivo e muito luxo. Será que é isso que as mulheres de hoje querem? Demonstrações de amor que incluam viagens de avião ao amanhecer, um carrinho (topo de gama e alta cilindrada novo), um gajo ciumento que não as larga, e sexo extremo, extremo nem que seja só um bocadinho para as assustadiças e complacentes Capuchinhos não fugirem a sete pés?
Sinceramente, até a minha Deusa Interior ficou decepcionada...Mas claro, ela não se excita com a promessa de domesticar o Lobo Mau. Deve ser porque está habituada a ler literatura para gente crescida. Uma pergunta final: A Senhora E.L. James, ficará muito ofendida se eu lhe guardar a obra, naquele cantinho que fica entre o bidé e o cesto da roupa suja? Não é por nada, mas pelo menos dava-lhe utilidade naqueles dias em que me esqueço de comprar o papel higiénico.
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