Wednesday 20 May 2015

Em modo entrevista para a Capital Books



Ana Cristina Pinto é a autora de "A Guardiã – o Livro de Jade do Céu", uma verdadeira revelação na literatura fantástica em Portugal. Quisemos saber mais detalhes sobre esta obra e a sua previsível continuação.

Como e em que circunstâncias começaste a escrever?

Comecei a inventar histórias ainda antes de saber escrever. Quando era pequena, como não entendia o que estava escrito nos livros infantis, olhava para as ilustrações e criava as minhas próprias histórias. Escrever, foi um gosto que desenvolvi logo a seguir. Na escola fazia sempre redações extensas e complexas e acabava por ganhar pontos extra por causa disso. Tive, ao longo da vida, períodos em que escrevi menos, mas uma coisa que nunca deixei de fazer em momento algum, foi ler. O meu universo é feito de palavras e as palavras fazem-me bem.

"A Guardiã" é um livro que introduz um universo complexo, cheio de regras próprias e personagens multifacetadas. Como foi o seu processo criativo?
Eu comecei a escrever “A Guardiã” quase por acaso. Mas eu queria escrever algo que realmente fizesse a diferença. Que convidasse as pessoas a olhar para a vida sob outros ângulos. Outras perspectivas. O que é que nós andamos a desperdiçar? Esta é sempre a minha grande questão e eu tenho esperança que o livro leve esta questão a outros, até aos que andam mais distraídos… sobretudos aos que andam mais distraídos. Mesmo que esta história toque apenas o coração de um leitor, já valeu a pena.


Quanto tempo demoraste a escrever este livro? Como venceste as dificuldades que foram surgindo?
Entre pesquisar os temas que me interessavam incluir na história e escrever, decorreram dois anos e meio. Tenho consciência que poderia ter sido um processo muito mais rápido, se não tivesse refeito vários capítulos por diversas vezes. Mas a verdade é que, dada a complexidade da história, teve que ser assim. Tudo tinha que fazer sentido. E eu pego em muitas peças que aparentemente, nada têm a ver entre si. O trabalho de encaixá-las foi bem mais difícil do que o trabalho de estudá-las. É preciso dizer que, quase tudo o que é retratado no livro, existe. É real. E se estivermos a falar da hierarquia angelical, por exemplo, ou da demoníaca, embora para muitos não exista, para outras pessoas fazem parte da sua realidade e não do imaginário. Portanto, tendo em conta tudo aquilo que só a fé nos permite ver e o que podemos contemplar com os nossos olhos físicos, quer sejam os locais onde se vai desenrolando toda a trama, ou os factos históricos, posso dizer que a minha grande missão neste livro foi cozinhar uma história com ingredientes que acabaram por se ligar muito bem entre si.


O livro termina com o regresso da personagem principal. Significa que terá continuação?
Não gosto de finais tristes. Prefiro sempre os finais felizes, quer estejamos a falar de livros ou de filmes. Contudo, um livro que não tenha uma carga dramática q.b., também não agarra o leitor. Eu tive que criar algum drama, mas depois senti necessidade de lhe dar a volta. Afinal dramática já é a vida, certo? E nós precisamos acima de tudo de esperança. De sentido de continuidade e renovação. Acredito que desejamos todos continuar, mas queremos mudar. Queremos alterar o curso da nossa história. Com este final, quero mostrar às pessoas que é possível fazê-lo. Metaforicamente, todos nós podemos renascer. E sim, até a Guardiã poderá renascer, sob outra capa, outro subtítulo e, quem sabe, outros cenários.