Sunday 31 July 2016

Os maus lençóis do Quintino



Será normal tanta censura num mundo que brada pela liberdade de expressão?

Não é surpreendente, uma vez que estamos na moda do multiculturalismo e qualquer voz que se levante contra é imediatamente criticada. Para além do mais, o pobre foi logo falar nos ciganos, e como sabemos, esta etnia passou a ter uma elevada "cotação de mercado", depois do Europeu. Acho que não passou despercebido a ninguém, que até mesmo quem, com frequência, reclamava porque os ciganos isto e os ciganos aquilo, de repente desfralda a bandeira do " Se é cigano é 5 estrelas! Ponham os olhos no Quaresma!" E de repente,parece que há 10 milhões de portugueses a quererem ser ciganos. 
Como se vê, nós somos facilmente levados pelo vento, e hoje pensamos frito, amanhã defendemos cozido. Na verdade, o problema maior é a falta de opinião própria. 
Relativamente ao comentário do psicólogo Quintino, acho que ele generalizou. Mas não é sempre pela regra da maioria que se formam opiniões? 
Há excepções louváveis entre a etnia cigana, de gente que trabalha honestamente, paga os seus impostos, se enquadra na sociedade, respeita as regras da sociedade. Há. Tal como há excepções de animais altamente bem treinados que vão buscar o jornal aos donos, ajudam na limpeza da casa e são excelentes babysitter. Mas não são a regra. São excepções. Existem mentes brilhantes por esse mundo fora, que se distinguem das restantes e desenvolvem carreiras notáveis, na arte, na ciência, por aí fora...Mas são excepções. Não são a regra.Por muito que nos custe, não somos todos mentes brilhantes,só porque alguns o conseguem ser.
Portanto, existem sim, pessoas de etnia cigana,muitíssimo respeitáveis e bem menos "ciganos" que os que não o são etnicamente. Mas são excepções! Não são a regra! 
A própria palavra "Cigano" tem um sentido pejorativo e no nosso inconsciente, ainda está inculcada a ideia de que cigano é sinónimo de desonesto, andarilho, marginal, desordeiro, etc. 
Não me parece que os ciganos carreguem realmente este enorme fardo de desajustes sociais, mas não se pode pôr lentes cor-de rosa e de repente dizer que não há desajuste. Porque há! 
Como tal, acredito que no momento actual, se queremos levar esta coisa da igualdade e multiculturalidade para o nível seguinte e com o rigor que ela merece, não podemos arranjar bodes expiatórios, não podemos tapar o sol com a peneira e de repente fingir que não há diferenças nenhumas e que nos adaptamos todos muito bem uns aos outros. Não se pode, só porque incomoda, atacar quem põe o dedo na ferida e diz claramente que há um proteccionismo desmedido a pessoas de etnia cigana e que do mesmo proteccionismo não gozam os restantes. Se agimos assim, cheira-me a sentimento de culpa, devido a séculos de marginalização e desprezo por pessoas de etnias/raças diferentes. Mas não se tira por decreto, dos nossos genes, a lei natural e ancestral que nos conduziu até aqui e que caso nos tenhamos esquecido é: A lei da sobrevivência. A lei do mais forte: Adaptação. O programa que temos incutido no nosso ADN responde a essa necessidade. Se queremos mudar isso e alinhar a nossa consciência com o conceito de unidade e coesão,que o façamos com honestidade e não com servilismo de modas. Estamos a falar de mudanças radicais nas estruturas das sociedades e há que estar preparado para elas. Não se pode, imbuídos pelo espírito da fraternidade universal, dizer que vamos todos dar as mãos, sem antes criar condições para isso. Primeiro, é preciso que entre nós e os outros se derrubem os muros e baixem as armas com que competimos uns com os outros diariamente. E esta é a grande dificuldade e é também por isto que estamos a viver tempos muito confusos e violentos. É que nós temos já um pé no mundo novo que desejamos construir. Mas o resto do nosso corpo, a nossa mente, ainda está a viver no velho programa do "Olho por olho e dente por dente". Competição,combate, conquista. Ainda vai levar muito tempo para que possamos finalmente, olhar para os outros e não vermos neles uma ameaça, mas vai levar mais tempo ainda para chegarmos ao dia em que deixaremos efectivamente de ser uns para os outros, uma ameaça. E enquanto o formos, não vejo nenhum mal dizê-lo.