Estou solidária com o povo francês. Lamento as suas perdas. Mas permitam-me soltar um palavrão em forma de asteriscos (para não chocar ninguém)...um enorme *****!...imaginem qualquer um. Qualquer palavrão, daqueles horrendos, obscenos, que uma senhora não deve dizer, mas diz- eu digo-, quanto mais não seja quando entalo um dedo numa porta.
É sobretudo um palavrão de protesto pelas decisões politicas que têm preços demasiado elevados e que se pagam com vidas. É um palavrão pelas vítimas no Iraque, é um palavrão pelas vítimas na Líbia, é um palavrão pelas vítimas na Síria. É um palavrão pelas mortes de Sadam e de Kadaffi, que ditadores ou não, controlavam os radicais islamicos. Mas este palavrão é sobretudo de revolta com o capitalismo que domina o Ocidente e escraviza o Oriente. Que se lixem os Bushs, os Hollandes, os Obamas, os senhores da guerra, vendilhões do templo, o templo que é ou devia de ser a nossa paz, porque temos direito a ela.
É óbvio, que há por nós, ocidentais, uma raiva escondida no coração de cada muçulmano, seja ele radical ou não. Claro que há! Seja ele refugiado ou não. Claro que há!Como poderia não haver? Nós semeámos o caos nos territórios deles. Levamos-lhes a fome, a morte e a miséria. Obrigámos aquela gente a pedir exílio aos seus carrascos,aos que lhes bombardearam as casas e mataram os filhos. Podemos esperar o quê de quem tudo perdeu por nossa causa?
Queremos agora ser bonzinhos dando-lhes guarida? Um palavrão também para a nossa solidariedadezinha hipócrita! Que se chorem agora e uma vez mais as vítimas de Paris. Ainda vamos chorar mais. Acredito que muito mais. Mas que se tenha bem a noção de que estamos a pagar vida por vida ( olho por olho e dente por dente), todas as que tirámos e pelas quais nunca chorámos.