Tuesday, 20 May 2014

Como é que isso funciona no dia-a-dia?
Falo, naturalmente, das unhas super-extra-longas-Cruella-Devilish.
A sério, eu não compreendo como é que dá para fazer a vida do quotidiano com umas unhas que vão daqui a Bagdad.
Assim por alto, consigo lembrar-me de que provavelmente nem conseguiria apertar o fecho das calças,quanto mais enfiar uns collants nas pernas, ou até mesmo lavar os dentes, sem acertar numa bochecha.
Posto isto, temo dizer que as verdadeiras heroínas são as lojistas, senhoras da limpeza, secretárias e demais profissões que envolvam grande uso de mãos ( vá lá consigo lembrar-me de outras mas não quero ser brejeira ), pois eu nunca seria capaz de fazer o que quer que fosse no meu dia-a-dia sem acabar com uma vista vazada.


Wednesday, 14 May 2014

A Poesia dos Números

Na matemática, obtém-se uma forma aproximada de um coração através da seguinte fórmula: (x2+y2-1)3-x2y3=0. É a chamada curva implícita. Afinal de contas, uma designação poética. Quem diria?


Tuesday, 13 May 2014

Se eu mandasse em Portugal, a ASAE deixava de fiscalizar casas de pasto e os respectivos prostíbulos anexos. Deixava de implicar com madeiras emporcalhadas e cagava na cena dos PPL-PPP-PPC (pia-para-legumes; pia-para-peixe e o resto já sabem).
A ASAE para já mudava logo de nome porque eu não o entendo na sua totalidade: “Autoridade de Segurança Alimentar e Económica” - eu entendo o que seja segurança alimentar, afinal temos de estar atentos ao que metemos na boca, na medida do possível. Mas segurança económica? São poucos os que podem dizer “sinto-me seguro economicamente”. E esta segurança nada parece ter a ver com a ASAE.

Mas, como dizia, a ASAE transmutar-se-ia para a Autoridade de Segurança Auditiva e Económica (afinal não interessa se uma pessoa entende ou não o termo, acabo de aprender que o que importa é soar bem) e passava a fiscalizar locais de diversão diurna de entrada livre, como a Stadivarius ou a Bershka.

Licença comercial só após o cessar de uma Rihanna esganiçada em alto volume de som. Logo teríamos uma larga massa de adolescentes em crise existencial. Arrisco algumas razões:

a. talvez uma toada sexy-fresh-pop ajude a esquecer a falta de dinheiro para comprar metade da loja
b. talvez uma toada sexy-fresh-pop ajude as adolescentes a sentirem-se sexy-fresh-pop ao espelho com os trapinhos igualmente sexy-fresh-pop (é todo um universo…)
c. talvez uma toada sexy-fresh-pop deixe os funcionários sem qualquer capacidade para pensar na merda da vida.
d. talvez uma toada sexy-fresh-pop abafe os comentários das fêmeas mais ranhosas (“o cu dela não cabe ali…no way!”)

Fortes neuras e stresses domésticos são a incapacidade dos progenitores actuais.
Se pensarmos em pequena escala vamos dar ao fim do mundo.

Vejamos:

200 adolescentes ficam histéricas porque a Pull estava em total silêncio. Cada uma delas fica frustrada porque esteve atenta o suficiente para ler as etiquetas dos preços.
Depois de toda a tensão para escolher apenas uma peça apercebe-se que terá de fazer uma cirurgia para ter mamas. Sai do vestiário e ouve uns risinhos trocistas que põem fim à amizade de semanas e semanas. Estas 200 adolescentes seguem em fúria para casa.

E já estão a ver o filme – mães em pânico, pais que não cedem ao diálogo, tias que põem água na fervura, uma tensão de morte durante dias até que, 200 adolescentes resolvem experimentar cocaína. E estas 200 adolescentes espalhadas por vários estabelecimentos de ensino…é uma bola de neve. Se isto ocorresse numa altura como esta: febre das comprinhas para o verão + exames, imaginem…

De modos que a minha teoria bate certo – a música imprópria para consumo nos estabelecimentos comerciais tem tudo a ver com o lado ordeiro de um povo. Tenho dito.


Sunday, 11 May 2014

Orgulho besta

E há quem se deixe ressequir por dentro, assim, por coisa tão pouca?
(perguntas de resposta óbvia.)
Os brasileiros chamam-lhe, salvo erro, «orgulho besta».
 O adjectivo é devido, porque a estupidez revela-se em toda a linha de manifestação desta terrível forma de sentimento. Também sou orgulhosa – quem o não é? – e também me custa dar o braço a torcer. Mas há um ponto de sufocação, de ânsia por uma aproximação, uma explicação ou um passo em frente, que me derrota invariavelmente os «orgulhos bestas», por inexpugnável que pareça a fortaleza em que se barricaram, num prazo que nunca ultrapassa os dois dias. 
É, deduzo, virtude da minha condição feminina. Estou, de resto, pronta a admitir que, mais do que a expressão de uma índole conciliadora, esteja em causa a propensão da mulher para verbalizar os seus estados de alma e esvaziar em jactos de palavras os copos de águas turvas que vai enchendo gota a gota. 
O certo é que consigo quebrar o silêncio e pedir - como peço - desculpa. Razão por que não conto morrer de estupidez. Porque o «orgulho besta» é dos tais que recusam, sem um estremecimento de dúvida, o amor, a compreensão, a mão estendida, mesmo que ao fazê-lo risquem da sua vida qualquer hipótese de felicidade.