Foi também ao som desta música que dei o primeiro beijo. Nessa altura fui vê-lo a Coimbra e também pela primeira vez senti o que é não conseguirmos fugir ao arrebatamento e ao deslumbre. As músicas do Veloso, foram-me acompanhando ao longo da vida e estiveram presentes em muitos momentos cruciais , como os que me mostraram que na verdade muitas vezes não há mesmo estrelas no céu, ainda que acreditemos ter todo o tempo do mundo para as ver.
Aos 15, 16,17 anos não há rapariga que não sonhe com o seu cavaleiro andante e não foram poucas as vezes que a voz do Veloso me acompanhou nas horas de desatino e dor após o fim de um namorico. “Não, nunca me esqueci de ti”, era um pensamento meu que na voz dele fazia ainda mais sentido. E hoje o Veloso continua a fazer todo o sentido. Não porque ache que já não há canções de amor, mas porque acredito que muitas vezes e cada vez mais, as pessoas invocam o amor em vão. E no final, ou mudamos de postura e aplicamos as regras da sensatez ou seremos obrigados a aceitar que estarmos assim na vida é basicamente o mesmo que estarmos no alterne. Vamos alternando as pessoas que passam por nós, dando assim largas ao nosso “lado lunar” esquecendo que seja a que preço for, vamos também amar. Nem que seja uma única vez na vida, nem que seja um qualquer Chico fininho ou camponesa, a quem juraremos o nosso amor e pediremos que não nos minta. Afinal, o amor e a morte são as duas únicas promessas que a vida nos faz. E o prometido é devido.