Wednesday, 30 July 2014

Pain...

“A dor é uma coisa estranha. Um gato que mata um pássaro, um acidente de automóvel, um incêndio… A dor chega, BANG, e eis que ela te atinge. É real. E aos olhos de qualquer pessoa pareces um estúpido. Como se te tornasses, de repente, num idiota. E não há cura para isso, a menos que encontres alguém que compreenda realmente o que sentes e te saiba ajudar…”
— Charles Bukowski


Tuesday, 29 July 2014

Monday, 28 July 2014

Alcorão VS Tora... O Profano do Sagrado

Não há heresia mais traiçoeira do que o fundamentalismo religioso. Isto preocupa-me. 
Tomem-se os exemplos mais conhecidos, os vértices do triângulo mitológico formado por judeus, cristãos e muçulmanos em torno do mesmo Deus. 
Não é preciso mais do que um olhar, a leitura de duas linhas, um minuto do som que emitem, para termos a exacta sensação de que os fundamentalistas de qualquer das três doutrinas estão do lado do filme em que mora o bandido. Só para lembrar exemplos mais vivos na memória, cito três,- que, ainda por cima fazem ou fizeram a política do fundamentalismo religioso: Bush, Bin Laden, Bini Netanyahu (acreditem, Ariel Sharon foi quase um menino de coro ao pé dele). O que é que os três inspiram ou inspiraram? Ódio, medo, repulsa. No que é que os três basearam a sua popularidade? Na disseminação de ódio, medo e repulsa. E como medo, ódio e repulsa podem estar ligados ao que é divino, criador, iluminado? Só pela via da apropriação indébita. 
Os ditos fundamentalistas tomam para si o que não é seu nem de ninguém: a interpretação absoluta e definitiva do que se coloca como a manifestação do transcendente -- os textos sagrados. "Está escrito", rosnam. Sim, está escrito. Mas o que significa? Alguém escreveu, alguém representou, traduziu para uma linguagem, com todos os limites que uma linguagem tem, e que a faz, desde que o mundo é um mundo escrito e retratado, passível de interpretações.
 O exemplo que gosto de citar é a primeira frase do primeiro versículo do Evangelho de João: "No princípio era o Verbo". Que verbo é esse, com maiúscula, e que se atreve a "fazer-se Deus", e mesmo a "ser Deus"? Para mim, é extremamente claro: se o que foi dado ao evangelista para desenhar, designar, representar o infinito, foi a palavra, o escrever, o que pode ser mais infinito do que o verbo? João constrói, com maiúscula, o verbo dos verbos, o infinitivo absoluto. Confessa, em três linhas, que propõe no Verbo, a representação de Deus -- a mais grandiosa, na minha opinião. Pois bem, eu posso estar aqui a dizer disparates, consequência de uma aprendizagem individual que pode até ser duvidosa. Ou posso ter tido o “insight” do milénio. Não importa.
 A visão dos fundamentalistas, por ter sido interpretada autonomamente, eu não li nem encontrei lá o mesmo que eles encontram. Por isso não acredito no mesmo em que eles acreditam. E se eu perguntar a um deles o que quis o evangelista dizer, ele condenará a pergunta. 
O mundo, deste terceiro milénio, vê-se sob a sombra da batalha movida por esses sequestradores do sagrado, os que tomam como seu o que é de Deus. São literal e etimologicamente, os sacrílegos - aqueles que querem legislar o sagrado e, portanto, usurpar o que é de todos. O mundo está sob o domínio desta gente. Piorou com a reeleição de Bush (agora um passado infeliz). 
Os postos de Condoleeza Rice e Alberto Gonzales mostraram desde logo o caminho a seguir por uma humanidade expropriada do seu sentido: Humanidade. E hoje assistimos ao inevitável, tendo em conta o percurso feito até aqui. 
Vamos embalados nos braços de hereges vestidos de santos, até nos adormecermos. Deixamos que nos adormeçam. Sobretudo quando não são as nossas guerras, as nossas casas bombardeadas e os corpos de quem amamos mutilados.
 Há quem fale em anti-Cristo, a figura mítica do apocalipse popular. Não, esses tipos não são tão espectaculares assim! Ao mesmo tempo, são equânimes: são anti-Cristo como são anti-Maomé, anti-Abraão, anti-Alá… São sobretudo e acima de tudo, anti-todos-nós! - Já poucos reconhecem a importância da paz, simples assim, como deve ser. Apenas Paz.
 O problema crucial é: Nós, que almejamos a paz, só vamos vencer quando a palavra guerra deixar de fazer sentido e a palavra tolerância deixar de ser apenas uma palavra e passar a ser um modo de vida. Mas um modo de vida assim, não pode ser totalitário. A tolerância para poder existir terá que ser ela própria intolerante de vez em quando. Ou é possível mantê-la viva, sendo tolerante com os intolerantes? Não pode. E é por isso que esbarraremos sempre nesta perpétua condição humana. Haverá sempre uma “Gaza” por aí.
 É uma fatalidade que nos corre no sangue, não importa o tipo. Em algum lugar do mundo, a cada 31 de Dezembro, alguém dirá sempre: “ Feliz Atentado Novo”. 

( Escrito em 2004  para o  blog " Divagações". Continua tão actual! )


Saturday, 26 July 2014

A Terra (santa) Amaldiçoada…

Tablóides sensacionalistas, mais uns quantos canais de televisão (que por acaso até são lideres de audiências), profetas da desgraça, Edvards Munchs da era digital, esses pintores de gritos e de lágrimas e de dor. Viver num mundo onde a humanidade se hostiliza, se fere e mata por conta do ouro, da banca, do petróleo e de livros antigos. É o que temos. E como me disse ainda ontem, alguém muito mais jovem do que eu, (alguém a quem a fé na humanidade nunca chegou a nascer): “ Somos intrinsecamente maus. O gene da bestialidade, da maldade, da intolerância, está plantado em nós como uma semente que se colou ao útero da Terra. Ocasionalmente há uma luz que se acende aqui ou acolá. Uma ou outra parte do globo ilumina-se com uma frágil corrente de paz e amor, mas nunca tem tempo para se fortalecer nem nunca nasce ao mesmo tempo em todo o lado”.
Sou forçada a concordar com ele. E a minha fé, que deve ter nascido mais ou menos no mesmo dia que eu, vai morrendo um bocadinho mais todos os dias. 
Morre nas páginas dos jornais, no ecrã da televisão e até nas cronologias do Facebook. Eu tento contrapor o meu jovem oponente no debate. “Não. Nós melhorámos. Nós já fomos maus. Isso é passado. Olha a Idade Média, a Inquisição. Lembras-te da Inquisição? “ O Rafael olha-me como se me visse através de um vidro fosco, embaciado com fantasias. “ Idade Média? Inquisição, a caça às bruxas, as cruzadas??? E já em pleno Sec-XX, XXI?? A 1ªe 2ª Grande Guerra, Hiroshima, Nagasaki, o Holocausto, o Iraque de Sadam, a mutilação genital feminina, (que não se pratica apenas em países da Ásia e África, mas também na Europa), Tiananmen, Timor, o leste europeu, as redes de tráfico de mulheres e crianças, o 11 de Setembro, a escravatura infantil, a politica do filho único na China que atira com milhares de bebés (principalmente do sexo feminino para os contentores da morte), e de novo a caça às bruxas e bruxos da actualidade que já levou centenas à execução no Cambodja, e de novo, sempre de novo, por séculos de história, a mortandade entre irmãos que lutam por uma terra que de Santa só o nome?”
E poderíamos continuar, temo. “ E que lutam em nome de um Deus que terá um dia, sem querer (creio), conduzido estas criaturas a uma epopeia de sangue e desgraça, quando lhes disse que aquela era a Terra Prometida.” Mais uma vez, palavras mortas em livros velhos.
“ Somos intrinsecamente maus.” 
Pois somos, Rafael. O gene da bestialidade, da maldade, da intolerância, está plantado em nós como uma semente que se colou ao útero da Terra.


Thursday, 24 July 2014

Intimidade

Há momentos e situações em que o olhar comunica mais que as palavras, isso também é intimidade. Creio que sou capaz de dizer muitas coisas sem falar, é o outro que também tem de compreender e de saber interpretar. Quando se estabelece essa relação de intimidade e de amizade, não é necessário falar. (...) Frequentemente é melhor não o fazer porque as palavras estão muito gastas.

António Lobo Antunes



Sunset

Acreditem...é o pôr-do-sol na Foz do Arelho. Atrevam-se a dizer que não temos praias bonitas por aqui!


(Fotos - Cristina Pinto)

Thursday, 17 July 2014

Há fotografias que não lembram ao diabo!  :) (eclipse lunar)



Tuesday, 15 July 2014

Jesus Cristo bebia cerveja

A Tell A Story lançou recentemente o seu primeiro livro de um autor português traduzido para inglês. O autor chama-se Afonso Cruz, e o nome do livro é: "Jesus Cristo bebia cerveja". Se por causa disto, nas celebrações religiosas, os padres começarem a trocar o habitual vinho por uma Guiness fresquinha, até eu começo a ir à missa. Com um bocadinho de sorte, talvez venha um copito a acompanhar a tradicional hóstia. E com um bocadinho mais de sorte, ainda aparece outro livro com o nome: Jesus Cristo comia Gambas à La Guilho.


Wednesday, 2 July 2014

Eyes

Those damn eyes fucked me forever. We made love just looking at them.