Com que agonia se ouve a voz das fontes?
Se ela tem humildes alegrias quando canta
Saboreio um inverno em cada planta
E um verão em longínquos horizontes
Árvores maternas abrem os braços
Verdes, tristes, num gesto criador
Com impulsos derradeiros abrem espaços
E chegam mais perto ao seu senhor.
Mas tudo, risos e sonhos subsistem
Doura a tarde sonhos feitos de abandono
Nas sombras dos jardins em que resistem,
eu passo, e piso folhas mortas de outono.
Se antes voaram bem alto como pombas
Hoje, sombras vagas a errar
Por entre sombras.