Este mundo é um lugar estranho. As redes sociais são lugares estranhos. O Facebook é um lugar estranho. Aqui vomitam-se opiniões sobre tudo e mais qualquer coisa, dizendo e desdizendo logo de seguida o que se disse antes, só para não se perder o comboio da opinião. E é pelos dizeres e desdizeres que leio, que a minha cara de espanto é cada vez mais a que uso neste mundo estranho das opiniões em série. Às vezes, são os posts de quem defende a comunidade homossexual, o “livre trânsito” para quem levaria a humanidade à extinção se dos homossexuais dependesse a continuidade da espécie. Mas o que choca mesmo é que minutos depois o autor de tal post publique outro em que opina favoravelmente à integração das comunidades muçulmanas em Portugal, na Europa, no Ocidente. (Atenção que eu não disse árabes. Disse muçulmanos. E entre uma coisa e outra vai uma diferença igual há que existe entre portugueses e cristãos.)
Saberão estas pessoas que as comunidades muçulmanas abominam homossexuais e que vários braços do Islão lhes reservam a decapitação?
As mesmas pessoas que defendem a entrada de muçulmanos na Europa são inúmeras vezes também feministas em grau superlativo absoluto e publicam regularmente verdadeiros hinos às conquistas das mulheres, exibindo os seus troféus como marcas inequívocas dos progressos femininos. E também, minutos depois voltam ao tema “refugiados”, coitadinhos, temos de os deixar entrar, ficar, e trata-los com muito amor e carinho.
Saberão estas pessoas que grande parte dos braços do Islão nega os mais básicos e elementares direitos às mulheres?
Estas pessoas, sempre com uma grande fome de amor pelo próximo, também exibem fotos com o seu cão, o melhor amigo, e partilham amiúde imagens de maus tratos a animais, condenando-os veementemente. E mais uma vez, 5 minutos depois apelam à entrada das comunidades islâmicas dizendo que quem se insurge contra é desumano, é xenófobo e racista, como se ser muçulmano fosse uma questão de raça e não de religião.
Saberão essas pessoas, que a maioria dos muçulmanos considera imundo, impuro e passível de punição quem se atreva a ter um animal de estimação em casa?
Dizem os autores de tais posts que são a favor do Amor entre toda a humanidade, o amor entre géneros, o amor entre espécies, o amor entre bactérias e moléculas, o amor entre os átomos. São pois estas pessoas absolutamente e mais do que absolutamente, usando o superlativo absoluto da coisa , acérrimos defensores do Amor. E dizem ainda estas pessoas acérrimas defensoras do Amor, que a felicidade de cada um deve sobrepor-se à do colectivo. Que são um direito irrefutável, as liberdades individuais. (Quando são partidários de esquerda a dizer isto, então a estranheza sobe para níveis nunca vistos! Parto-me a rir!) E em nome desse amor aceitam, querem, desejam e vergam-se perante quem não partilha desses mesmos ideais de amor ao próximo e pelo contrário, rege-se por valores, que estão a anos luz deles.
Eu não quero acreditar que o Amor ainda vai ser o grande culpado pela maior tragédia humana que se pôs ao caminho, mas parece-me que este Amor assim tão desenfreado, pode mesmo atirar com a espécie dominante no planeta para um precipício do qual muito dificilmente sairá. Aqui, como em muitas outras coisas o segredo é o Equilíbrio. Nem este desmesurado sentido de liberdade individual, nem o oposto que caracteriza as comunidades islâmicas, onde o que separa o respeito, pelas regras da morte é apenas uma fina página do Al-Corão.
É pois, muito perigoso este convite a “Cada um ser feliz conforme lhe aprouver”, e é preciso olhar com olhos de “ver” para esta frase, e não só porque ela significa a felicidade à vontade do freguês. Não só porque ela significa que se eu for feliz a envolver-me sentimentalmente ou sexualmente com alguém do mesmo sexo devo fazê-lo, mas porque essa frase também significa que da mesma maneira é legítimo que eu me envolva sexualmente com animais ou com cadáveres ou praticando o incesto, ou pedofilia, ou roubando e matando quem se atravessar no meu caminho, se isso me fizer feliz. E eu tenho todo o direito a ser feliz. Logo posso fazer tudo o que me dá na real gana porque o que interessa aqui é defender o hedonismo particular, ignorando que vivemos em sociedade e que viver em sociedade não é compatível com hedonismos individuais. Nem sequer é compatível com o tal Amor Universal. Eu não posso realmente amar o outro se me estou nas tintas para o seu bem-estar face às minhas atitudes.
Por isso, que se fodam os defensores de toda a merda e coisa nenhuma. Não defendem nada! Querem defender tanta coisa, sobretudo tudo o que lhes pareça o “politicamente correcto” , que nem percebem que o que defendem de um lado, logo a seguir condenam de outro. Mandam às urtigas o que defenderam antes. Devia partir-me a rir, mas isto é grave demais para rir!
De facto acho que este mundo tem tendência a ser um lugar menos estranho se implicar regras. E por isso, acredito que as liberdades individuais têm que ter balizas em sociedade. Se não as tiver, se efectivamente cada um puder ser feliz conforme entender, fazendo o que mais lhe dá prazer sem olhar ao choque que as suas acções podem provocar no outro, instala-se o caos e a prática de todas as monstruosidades que referi em cima e muitas outras que não referi, serão um lugar-comum. Não tenho dúvidas. A verdade é que a maioria dos homens não faz o bem porque é bom, mas porque tem medo das consequências se fizer o mal. E é por isto também que as religiões têm tanto poder sobre nós. Porque nos ensinam que há castigo, que há punição se sairmos dos trilhos do bem. Sem estas balizas, seríamos todos nós, bichos. Precisamos das noções de ética e moral sempre acompanhadas de uma recompensa e de um castigo. Lamento, mas ainda não evoluímos assim tanto para dispensarmos isto. E se nós não evoluímos, imagine-se o que para ali vai de evolução quando se fala de muçulmanos. A extensa maioria, para não dizer totalidade, vive ainda tempos medievais. Não saíram de lá.
Mesmo os que vivem na Europa não saíram de lá! Veja-se Inglaterra, França, Bélgica, Suécia, Alemanha… Mas em vez da firmeza para lidar com estas pessoas, usamos a cedência. Cedemos. Ora são as carruagens só para mulheres, evitando os contactos entre elas e homens muçulmanos na Alemanha, ora são os hijabs nas cabeças das tripulantes da Air France, as tradições seculares na Suíça, a carne de porco retirada das escolas no Canadá…e muitas, muitas outras cedências, alterando assim o modo de vida do anfitrião para que o convidado se sinta em casa. Então a minha pergunta para os defensores de toda a merda e de coisa nenhuma é: Acreditam mesmo que rabos virados para Meca são compatíveis com liberdades individuais e Amor desmedido por todas as criaturas?
Foto: Muçulmanos em oração numa rua de Londres.