Que sejas tu, o Novo Ano, portador do fim do globalismo. Não de um globalismo que una, sendo que essa é a primeira ideia que lhe associamos, mas deste globalismo que destrói nações, arrasa as suas economias e identidade cultural. Que devolvas a soberania a cada povo, a sua autonomia com tudo o que lhe é adjacente, incluindo uma moeda própria. Que as parcerias sejam de facto parcerias, com base no respeito e aceitação das diferenças ao contrário da pretensão que nos tem acompanhado nos últimos anos: A ditadura da igualdade. Que sejamos capazes de caminhar lado a lado, sem a tirania das submissões. Que tu 2017, nos tragas a coragem necessária para que recusemos os totalitarismos das forças externas que oprimem povos inteiros. Que sejas um novo ano criador da força indutora da verdadeira democracia.
Desejo que finalmente tu, 2017, mostres aos que gritam que querem salvar o planeta o quão importante é hesitar mais antes de comprar o par de sapatos que vem da China, passa pela Holanda e só depois chega a Portugal, ainda assim vendido a preço de tuta-e-meia. Que se perceba que o que é muito barato para nós, provavelmente será muito caro a alguém. Que sejas o ano em que não fechamos os olhos à dor do outro.
Que não continuemos a destruir o planeta mil vezes mais cada dia por um novo gadget ou uma porra de um creme para o rosto. Que se olhe também por isto, para os que partilham o planeta connosco. Há mais vida na Terra que não é humana do que aquela que o é. Haja respeito! Não se salva o planeta com medidas patéticas e hipócritas. Haja consciência!
Os últimos anos têm sido uma âncora para a nova consciência de Unidade. Que não se confunda Unidade com falsa união. Os que defendem o individualismo dos cidadãos transformados em nómadas, os que defendem o espirito de cidadão do mundo, o cidadão que perde raízes, que não tem pertença e que erra por aqui e por ali consoante as necessidades dos mercados e do comércio livre, esquecem-se de que não estão a tornar-se unos, integrantes de qualquer coisa, mas ao contrário, apartados de tudo, isolados, e por consequência, cada vez mais egoístas e perdidos. Que os que defendem a migração percebam que migrar quase nunca é consequência de escolha, e que quase sempre se migra por necessidade. Que 99% dos migrantes prefeririam continuar a viver nos seus países de origem e que, se não se deve impedir a livre circulação de pessoas, é exigível que se criem condições para que seja possível a cada um escolher Ficar.
Por anos acreditámos no poder da liberdade individual. O “ Eu Quero e Posso” tornou-nos reféns de uma selva de onde ninguém se salva sem sacrificar o outro. Esquecemo-nos de que mesmo na selva onde vivem os animais selvagens e inferiores, existem códigos de conduta e ética. Abre-nos os olhos para a necessidade de mudarmos no sentido da evolução e não do seu inverso. O homem não vem à Terra há milhares de anos para, chegado aqui, ter-se convertido num consumidor emburrecido e apenas isto.
2017, espero que nos mostres a diferença entre pertença/ identidade e xenofobia/racismo. E ensina a quem prega o seu contrário que defender a primeira não é praticar a segunda. Traz finalmente a paz para quem vive sobre a ameaça das armas. A paz para o Médio Oriente. A cada país a recuperação do que é seu e a coragem para lutar pela prosperidade a que tem direito. Que o empobrecimento dos povos, o desemprego, a precariedade, a corrupção, os lobbies, a insegurança, a decadência e o medo, sobretudo o Medo, tenhas deixado lá atrás, entregues a 2016.
Sejamos todos mais felizes contigo, 2017.