Ontem os caldenses tiveram a noite eleitoral que mereceram.
Os candidatos, esses homens e mulheres que na opinião dos que não votaram, apenas procuraram “tachos”, “idem-idem, aspas-aspas”. Ou seja, cada um teve exactamente aquilo que cativou.
Seja porque já tinham um historial de trabalho credível para mostrar ou porque se empenharam nas campanhas o quanto bastou para que outros movessem os rabos do sofá durante o dia de domingo, e fossem debaixo de chuva a votos.
Correu-se ao sufrágio nas Caldas da Rainha, sem qualquer verdadeiro sentido de mudança. Cerca de 52% optaram pelos seus habituais programas em família em vez de uma deslocação rápida às urnas para deixarem uma cruzinha no seu candidato preferido. É provável que não tivessem candidato preferido.
Ainda assim, um voto em branco vale mais que mil críticas, e todos os que não exerceram o seu direito cívico de escolher quem os represente nos órgãos autárquicos perderam efectivamente o direito de criticar.
Quanto aos candidatos: Tinta Ferreira não ganhou porque tem o melhor projecto para os caldenses. Ganhou porque teve a melhor máquina partidária por trás dele.
Rui Correia não perdeu porque não fez uma boa campanha. Perdeu porque não foi credível.
Teresa Serrenho não surpreendeu,- nomeadamente com a vitória na Foz do Arelho- porque teve uma boa equipa ou um bom programa. Surpreendeu porque era apenas líder de um movimento de cidadãos, que empenhados, determinados e conscientes de que tinham que fazer um bom trabalho de campanha, esforçaram-se para isso, mexeram-se a todos o gás, colocaram ao serviço do seu projecto todos os meios que tinham, e os que não tinham, inventaram.
Manuel Isaac foi sem dúvida o grande derrotado nestas autárquicas de 2013. O que é que lhe faltou? Não é uma cara nova, pelo contrário, bem conhecido dos caldenses, contava já com um bom historial de trabalho feito, soube constituir boas equipas e tinha efectivamente um dos melhores, senão o melhor programa para as caldas. Ainda assim, não subiu na contagem dos votos e arriscou-se mesmo a perder a única freguesia que detém a bandeira do CDS/PP no concelho: Stª Catarina. É que Manuel Isaac esqueceu-se -por comodismo ou excesso de confiança nos bons resultados- de fazer o “trabalho de casa”, de uma aproximação efectiva ao eleitorado, de dinamismo na campanha. Manuel Isaac perdeu porque, demasiado certo de estar agora entre rivais inferiores, não contou com os votos de protesto que fugiram na sua grande maioria para o Movimento Viver o Concelho.
Daqui a 4 anos Isaac lembrar-se-á desta derrota e saberá que em nenhuma parte do mundo se ganham votos porque nos emoldura o rosto, um par de olhos bonitos. E Isaac, até pode ter olhos bonitos, mas faltou-lhes a eficácia para ver, que o trabalho durante uma campanha eleitoral é a par de um bom projecto, a razão que levará os caldenses a coloca-lo no lugar que, desde há vários anos, ambiciona sem no entanto, fazer o bastante para o conquistar.