Não, não pensei que seria fácil. Claro que no tempo das fraldas e das sonecas a meio da tarde, os ralhetes e os castigos, uma palmada na hora (quero crer que certa), e as toneladas de ternura que partilhei contigo, suavizavam o caminho. Há sempre um encanto profundamente doce na infância. Quase tudo se resolvia com um beijinho no dói-dói, lembras-te? A vida era festa todos os dias, porque todos os dias aconteciam pequenas coisas que te faziam feliz. Um jogo divertido, um passeio no parque, uma ida à praia, um filme da Barbie ou um Happy Meal … Depois entraste naquele vórtice temperamental da adolescência e foi aí que iniciámos uma espécie de batalha. Em lados opostos das trincheiras, eu deixei de ser a fada e a heroína que vias antes e passei a ser a mãe chata, cheia de regras e imposições. De repente, deixaste de achar piada às minhas brincadeiras, embirravas com a arrumação do quarto, detestavas a roupa que te comprava. Fui fazendo cedências para não ser demasiado intransigente e tu foste ganhando o teu espaço. Hoje voltou a ser tudo mais ou menos como eu imaginei que seria quando crescesses. Trocamos a maquilhagem e as bijuterias, ouvimos as mesmas músicas e gostamos (quase sempre 😉) dos mesmos filmes. Falamos sobre tudo e sobre nada. Partilhas comigo o que entendes partilhar e eu esforço-me por não passar aquela barreira que protege a tua intimidade. Ainda nos desentendemos como se eu e tu falássemos línguas diferentes. Mas o pior, quero crer que já passou. És uma mulher. Quase pronta para o derradeiro voo, aquele que nos mudará para sempre porque há uma vida para além da minha que é preciso ser vivida e essa vida é a tua.
Terminaste o secundário, vem aí uma nova etapa e o mundo inteiro aguarda-te. Tens mil e uma coisas para lhe dar. Dá-lhe as coisas certas. Amor, dedicação, empenho e alegria. Em troca terás pelo menos a certeza de que deste o teu melhor, da mesma maneira que quero muito acreditar que te dei a ti o meu melhor. Se alguma vez não dei, espero que me perdoes. Ser mãe é a coisa mais difícil do mundo. Um dia sabe-lo-às.
Amo-te como se não houvesse amanhã, mas enquanto houver…amar-te-ei todos os dias.
(Parabéns, Mariana pelos teus 19 aninhos!💝💝💝💝 )